De forma inédita, os povos e as comunidades quilombolas serão incluídos no Censo Demográfico

Entre agosto e novembro, os recenseadores do IBGE vão visitar os locais previamente mapeados para produzir um retrato dessa parcela da população

Pela primeira vez na história, os povos quilombolas serão incluídos no Censo Demográfico. Um levantamento prévio realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 5.972 localidades quilombolas e 2.308 agrupamentos quilombolas – aqueles em que há 15 ou mais pessoas residindo em um ou mais domicílios próximos e nos quais as pessoas estabelecem laços de parentescos ou comunitários.

Entre agosto e novembro, os recenseadores vão visitar os locais previamente mapeados para produzir um retrato inédito da realidade dos quilombolas e de suas comunidades. De acordo com o IBGE, a pesquisa mostrará como vive essa parcela da população, suas diferentes formas de organização social e a enorme riqueza cultural que eles preservam.

Para o titular da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (SNPIR/MMFDH), Paulo Roberto, “o mapeamento vai possibilitar a realização de políticas públicas de qualidade e específicas, uma vez que por meio do Censo conseguiremos saber quem são, onde vivem e suas realidades”.

A quilombola Arlene Cruz, da comunidade do Machadinho, localizada em Paracatu (MG), considera que a inclusão significa o reconhecimento das comunidades pelo Brasil. “Esse mapeamento vai permitir que o país conheça onde, de fato, nossas comunidades estão. Com essa visibilidade, a gente acredita que as políticas públicas cheguem até nós com mais rapidez, melhorando nosso acesso à saúde, à educação e ao saneamento básico, por exemplo. Isso vai contribuir para a melhoria da qualidade de vida de nossos povos”, apontou. 

Questionário

Entre as preocupações do IBGE em relação à pesquisa estava fazer com que o público-alvo estivesse à vontade para respondê-la. “Houve um trabalho de sensibilização das lideranças quilombolas e, na fase de coleta dos dados, haverá reuniões de abordagem sempre que o recenseador chegar a uma comunidade”, disse a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes. “No caso de ser necessário, as lideranças podem indicar o acompanhamento de um guia comunitário, quando o recenseador não é quilombola ou a área é de grande extensão”, completou.

Em respeito à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho e de forma coerente às boas práticas de produção estatística, o IBGE considera quilombola toda pessoa que se autoidentifica como quilombola, assim como sobre as pessoas ausentes no domicílio no momento do recenseamento. O recenseador perguntará “Você se considera quilombola?”. Em caso afirmativo, é feita uma segunda pergunta: “Qual é o nome da sua comunidade?”.

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