Lula apela a nova governação global e diz que “globalização neoliberal fracassou”

O chefe de Estado brasileiro defendeu ser necessário rever regras e políticas financeiras que, na sua opinião, “afetam desproporcionalmente os países em desenvolvimento”

O Presidente brasileiro, Lula da Silva, apelou, esta segunda-feira, aos membros do G20 que alterem as instituições internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU, e afirmou que a “globalização neoliberal fracassou”.  
  
“A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes“, afirmou o chefe de Estado brasileiro, durante a abertura da sessão de líderes sobre a reforma das instituições internacionais.
   
“A estabilidade mundial depende de instituições mais representativas. A pluralidade de vozes funciona como vetor de equilíbrio”, sublinhou.  

O chefe de Estado brasileiro defendeu ser necessário rever regras e políticas financeiras que, na sua opinião, “afetam desproporcionalmente os países em desenvolvimento”.  
  
“O serviço da dívida externa de países africanos é maior que os recursos de que eles dispõem para financiar a sua infraestrutura, saúde e educação”, criticou Lula da Silva.

O Presidente do Brasil recordou a crise financeira mundial de 2008, afirmando que “o ímpeto reformador foi insuficiente para corrigir os excessos da desregulação dos mercados e a apologia do Estado mínimo”. 
  
“Naquele momento, escolheu-se salvar bancos em vez de ajudar pessoas. Optou-se por socorrer o setor privado em vez de fortalecer o Estado. Decidiu-se priorizar economias centrais em vez de apoiar países em desenvolvimento”, criticou.
  
“A globalização neoliberal fracassou”, disse, apelando uma vez mais para a alteração das instituições internacionais.  
  
Lula da Silva tem reivindicado a presença de países do chamado Sul Global no Conselho de Segurança da ONU e reformas das instituições financeiras como o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Organização Mundial do Comércio (OMC).
    
Além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, no Rio de Janeiro encontram-se representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal – país convidado pelo Brasil -, representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola, representado pelo seu Presidente, João Lourenço, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. 
  
O G20 é constituído pelas principais economias do mundo. A presidência do Brasil termina no final do mês, passando em dezembro para a África do Sul.

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