Porto de Santos: Operação-padrão dos auditores agropecuários gera filas
Também acarreta atrasos de até 14 dias na liberação de cargas para exportação e importação, que era realizada em até 72 horas
Cerca de cinco mil contêineres estão à espera de liberação para entrada e saída do Porto de Santos, em São Paulo, maior complexo portuário da América Latina. Responsáveis por permitir a entrada e saída de diversos produtos no país, os auditores fiscais federais agropecuários (affas), servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estão em mobilização por reestruturação da carreira desde o final e dezembro do ano passado. Eles reivindicam a realização de concurso público para suprir a carência de 1.620 affas no Brasil, reposição de perdas inflacionárias de mais de cinco anos e equiparação salarial com outras carreiras de auditoria e fiscalização.
A fila de contêneires é referente só ao período de 50 dias de operação-padrão da categoria. Outro agravante é a demora na emissão dos certificados que liberam o ingresso de produtos variados do Brasil, de origem vegetal e animal, no exterior. Com a mobilização da carreira, os certificados levam até 14 dias para serem emitidos, quando normalmente são emitidos em 72 horas. Outro ponto de atenção é a fiscalização dos paletes de madeira, que ajudam no transporte, manuseio, armazenagem e suporte de cargas. Elas podem conter pragas exóticas vindas de outros países, e que muitas vezes impactam importações de setores que não tem correlação com a agropecuária, como a indústria automotiva, química e até aeronáutica.
Além do impacto nos contêineres, também estão sendo afetados os navios graneleiros de trigo e fertilizantes para a importação. No caso da exportação, muitos contêineres e navios já encontram dificuldades na liberação das cargas nos países de destino, também por causa do atraso na emissão das certificações, gerando impacto no recebimento das vendas amparadas por carta de crédito.
Os affas são responsáveis pela liberação de diversos produtos na importação. A gama de produtos abrange alimentos como pescados, queijos, embutidos, frutas, grãos, as bebidas alcóolicas e não alcóolicas, além dos insumos da agricultura e pecuária, como os fertilizantes, agroquímicos, sementes, produtos veterinários e rações para animais.
De acordo com o ANFFA Sindical, que representa os affas em todo o Brasil, a situação de Santos é reflexo da mobilização e do desgaste imposto à carreira, que pela falta de pessoal, é obrigada a cumprir turnos extras não compensados ou remunerados, como o tempo de almoço, estendido por até três horas, obrigando os funcionários a ficar mais tempo no ambiente de trabalho. “Também estamos mobilizados contra a aprovação do projeto de lei 1.293/2021, conhecido como PL do Autocontrole, que terceiriza atividades inerentes aos affas, de auditoria e fiscalização”, destaca Janus Pablo, presidente do ANFFA e lembra que recentemente, a carreira teve a greve de 48 horas frustrada pela Justiça, o que aumentou ainda mais a insatisfação da categoria, descontente com o descaso do governo federal em relação à reestruturação.