Suíça questiona empresa de petróleo que estaria contornando sanções

Autoridades suíças estão debruçadas sobre os acordos e contratos de uma proeminente empresa sediada em Genebra que comercializa petróleo.

Primeiramente, a suspeita é que a Paramount Energy & Commodities estaria driblando sanções à Rússia na venda de combustível. A apuração das autoridades mostra que o país alpino começou a fiscalizar ativamente as ligações de sua grande indústria de commodities com Moscou.

Em abril, autoridades suíças escreveram uma carta à Paramount com questionamentos regulatórios sobre o funcionamento da empresa – segundo documento acessado pelo Financial Times. A carta expôs um dos primeiros esforços de uma autoridade europeia em fiscalizar o cumprimento do regime de sanções ocidentais impostas sobre o petróleo russo.

Assim, a Suíça, capital mundial do comércio de commodities, seguiu o mesmo embalo da UE nas sanções contra Moscou e estabeleceu um limite de pagamento de US$60 (CHF 53) por barril de petróleo bruto russo. Mas, conforme as regras suíças, as subsidiárias estrangeiras de uma empresa local estão amplamente isentas da regra se forem “legalmente independentes”.

Essa possibilidade foi usada pela Paramount Energy & Commodities SA, fundada pelo veterano comerciante de commodities Niels Troost, que transferiu para uma empresa com um nome quase idêntico nos Emirados Árabes Unidos suas transações comerciais envolvendo petróleo russo, no ano passado.

O ocidente precisa do petróleo russo

A nova empresa, a Paramount Energy & Commodities DMCC, com sede em Dubai, continuou a exportar o petróleo bruto do leste da Rússia chamado ESPO-blend. O produto tem sido consistentemente negociado acima do limite de US$ 60 por barril – segundo noticiou o Financial Times em março.

Após a reportagem do jornal britânico, a Secretaria de Estado para Assuntos Econômicos da Suíça (Seco), o departamento responsável pela aplicação de sanções, questionou à Paramount SA sobre seu relacionamento com a Paramount DMCC nos Emirados Árabes Unidos e o comércio de petróleo russo.

Contudo, as sanções tinham como objetivo permitir que o petróleo russo continuasse a fluir para mercados fora da Europa e dos EUA, ao mesmo tempo, em que limitava a receita capturada pelo Kremlin. Washington até incentivou os comerciantes ocidentais a continuarem movimentando o petróleo russo abaixo do preço máximo para limitar as interrupções no fornecimento.

Mas um dos efeitos foi a transferência maciça na atividade de comércio de petróleo, migrando de antigos centros europeus como Genebra para jurisdições como Dubai, que não aplicaram as regras do Ocidente.

Enquanto alguns comerciantes nos Emirados Árabes Unidos optaram por cumprir o limite de preço para manter o acesso aos serviços ocidentais, outros parecem estar negociando petróleo acima do limite, usando fornecedores de serviços financeiros e marítimos não europeus nas operações.

“Entidades separadas”

Por fim, na carta de abril, a Seco solicitou à Paramount SA a confirmação dos valores pelos quais vendeu o petróleo russo desde dezembro. Questionou também se havia algum sócio em comum com ações – direta ou indiretamente – na Paramount SA e na Paramount DMCC. A autoridade governamental perguntou ainda se houve algum fluxo financeiro entre as duas empresas, como empréstimos ou pagamento de dividendos, desde março de 2022.

SWI

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