UE define prazo de duas semanas para resposta econômica sobre coronavírus

UE define prazo de duas semanas para resposta econômica sobre coronavírus

Os líderes da União Europeia (UE) definiram o prazo de duas semanas a partir desta quinta-feira (26) para apresentar uma resposta econômica coordenada para conter o impacto econômico do novo coronavírus, em uma cúpula por videoconferência que confirmou a divisão entre os países do bloco.

“Convidamos o Eurogrupo (de ministros das Finanças da Zona do Euro) a apresentar propostas em um prazo de duas semanas”, que levem em consideração “a natureza sem precedentes do impacto a Covid-19”, informaram em uma declaração conjunta.

Os mandatários europeus adiaram, assim, uma resposta coordenada após seis horas de discussão por videoconferência, durante a qual a Itália ameaçou não apoiar a declaração conjunta final ao considerar insuficientes as ações comuns da UE.

Charles Michel, que considerou as discussões “muito profundas, intensas e de qualidade”, explicou que as propostas do Eurogrupo devem “permitir enfrentar essa crise e os seus impactos à estabilidade da UE”.

As discussões, tanto dos líderes como dos ministros das Finanças, na última terça-feira, foram marcadas pela oposição entre os países do sul, que concordam em tornar os títulos da dívida pública mútuos, e os do norte, contrários a essa decisão.

Os líderes da Itália, França, Espanha e outros seis países aumentaram a pressão nesta quarta-feira ao enviar uma carta pedindo para se buscar “um instrumento de dívida comum por uma instituição europeia”, iniciativa recusada pela Alemanha e a Holanda.

Durante uma coletiva de imprensa, a chanceler alemã, Angela Merkel, recusou o que seria chamado de “coronabônus”, defendendo o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), o fundo de resgate da Zona do Euro, que “oferece muitas possibilidades”.

Uma das ideias é que o MEDE coloque em ação linhas de crédito precautórias para um país ou para um grupo de países, embora alguns, como a Itália, sejam contra que se imponham condições para a sua concessão, quando a crise da dívida continua na memória.

Os países europeus reproduzem as divisões geradas durante a última crise da dívida, que surgiu após o crash de 2008, entre o norte partidário da disciplina fiscal e o sul, visto como mais displicente.

“Não se podem cometer os mesmos erros da crise de 2008, que gerou descontentamento e divisão em relação ao projeto europeu, e causou o aumento do populismo”, ressaltou o mandatário espanhol, Pedro Sánchez.

– Apoio duplo a Bruxelas –

A Europa, com 16.000 mortos e cerca de 275.000 casos confirmados da doença, é o continente mais afetado pelo novo coronavírus que, desde que surgiu em dezembro na China, matou mais de 23.000 pessoas no mundo e infectou mais de meio milhão, segundo balanço feito pela AFP.

Por causa da pandemia da Covid-19, a Comissão Europeia prevê que a economia da UE e da Zona do Euro, onde milhões de pessoas estão em confinamento, entrará em recessão em 2020.

Os líderes solicitaram que os presidentes do Executivo comunitário, do Conselho Europeu e do Banco Central Europeu (BCE) “comecem a trabalhar em um roteiro que contenha um plano de ação” para a recuperação econômica do bloco.

Eles também apoiaram as medidas para conter a crise adotadas até o momento pela Comissão Europeia, como a criação de uma Iniciativa de Investimentos em Resposta ao coronavírus, com a qual a Eurocâmara pareceu ser favorável nesta quinta.

Além dela, a iniciativa que busca mobilizar até € 37 bilhões em apoio aos sistemas de saúde, empresas e cidadãos. Os eurodeputados também aprovaram as regras de faixas horárias no setor do transporte aéreo, entre outras medidas.

Os 27 dirigentes também apoiaram a “ação decisiva” do BCE com seu plano de compra da dívida e a flexibilização por parte da Comissão quanto às regras sobre ajudas estatais e de disciplina fiscal em apoio ao gasto público nacional.


Foto: O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em Bruxelas.


POOL/AFP / François WALSCHAERTS

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