Reunião debate medidas de apoio a produtores de leite no Estado
A situação atual da cadeia produtiva do leite – produção e industrialização, frente à estiagem e à pandemia de Covid-19 foi tema de reunião da Comissão de Agricultura e Política Rural nesta terça-feira (9). Promovida em formato de videoconferência, a reunião contou com a participação de representantes do setor produtivo, do governo do Estado e diversos deputados, que debateram propostas para superação das principais dificuldades dos produtores de leite no estado. A reunião foi proposta pelo deputado Moacir Sopelsa (MDB).
De acordo com os números apresentados pelos participantes, o estado produz quase 4 bilhões de litros de leite ao ano, sendo o quarto maior produtor do país. No entanto, o setor foi duramente atingido pela estiagem prolongada, pelo aumento do preço do dólar (e, consequentemente, dos insumos) e pela pandemia de Covid-19, que reduziu mercado em função do fechamento de pontos de comercialização. Somente a estiagem foi responsável pela redução de 44 milhões de litros de leite até maio, forçando a antecipação do consumo de insumos armazenados para o inverno.
Sopelsa defendeu a valorização do produto, que é fonte de renda para cerca de 50 mil famílias catarinenses. “O preço do leite na ponta vale menos que uma garrafa de água mineral. O nosso produto precisa ser valorizado”, enfatizou.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindileite), Valter Brandalise, a produção de leite vem regredindo no estado nos últimos anos. Atualmente, 11% do leite do Brasil é produzido no Estado. “A competitividade passa pela questão tributária, que precisa voltar a ser discutida com o governo”, disse.
O representante da Associação dos Produtores de Leite do Extremo Oeste, Guilherme Werlang, sugeriu profissionalizar a compra e venda de leite em Santa Catarina criando um preço-base, que serviria de referência para a atividade. “A estiagem prejudicou e a Covid-19 ajudou a aumentar o custo de insumos como sais minerais, enquanto o preço permanece o mesmo. Um setor que emprega tanto e mantém o povo no campo precisa profissionalizar a compra e a venda”, defendeu.
O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Bovinos (ACCB), Félix Muraro Junior, reivindicou incentivos governamentais à cadeia produtiva do leite. “Estamos vendo vários incentivos do governo a outras atividades agrícolas, então queremos que a cadeia do leite seja incluída nesses incentivos.” A falta de previsibilidade do preço pago pela indústria foi o principal problema apontado por ele, já que isso torna impossível fazer a projeção dos custos da propriedade.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedroso, reconheceu que o setor tem alguns pontos que devem ser acertados com a indústria e ressaltou que a associação dos produtores precisa participar das reuniões do Conseleite. “O mercado é o grande regulador do preço, mas podemos avançar, temos como avançar com a indústria de leite de Santa Catarina”, avaliou. A desigualdade tributária não é admissível, na opinião dele.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc), Valter Dresch, acrescentou que a questão tributária precisa ser definitivamente resolvida. “Se tem desigualdade na questão tributária, vamos discutir isso para que a gente se torne de fato competitivo.”
Representando a Aliança Láctea, Airton Spies disse que o mercado nacional está estagnado, não há mais espaço para crescimento e que a abertura do mercado de exportação passa pela produção de um leite de alta qualidade a custos competitivos. “O leite tem grandes potencialidades, mas acabou a era de aumentar a produção para substituir importação. Agora precisamos nos profissionalizar.” Na opinião dele, é necessário formalizar as relações entre os elos da cadeia produtiva, discutindo um novo modelo de relacionamento entre o produtor e a indústria.
Juros
Sobre o vencimento dos financiamentos e questões de crédito, o representante do Banco do Brasil, Flávio Alberto Sebbem Covolo, afirmou que o banco tem resoluções para as situações de pandemia e estiagem que incluem a possibilidade de prorrogação de financiamentos das cadeias impactadas pela pandemia e medidas de reavaliação caso a caso.
Encaminhamentos
No final da reunião foram listados os principais pontos debatidos durante a videoconferência, que incluem a repactuação do crédito e taxas de juros; a criação de programas
governamentais que amenizem a situação dos produtores; a possibilidade de criação de uma política de integração entre produtores e indústrias, entre outros.
Deputado Moacir Sopelsa
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