Cidade é reconhecida com selo do projeto Lixo Fora D’Água

O município de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, receberá o “Selo Município Lixo Fora D’Água”, reconhecimento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, como representante nacional da International Solid Waste Association – ISWA, à cidade por suas ações de prevenção e combate ao lixo marinho. A cerimônia acontecerá nesta terça-feira (24), às 10h, no Hotel Mercure, em Balneário Camboriú, e contará com a presença do prefeito Fabrício Oliveira, que receberá a placa representativa do selo, do presidente da ABRELPE e da ISWA, Carlos Silva Filho, e outras autoridades.

Balneário Camboriú é a primeira cidade brasileira que recebe o selo originário do projeto Lixo Fora D’Água, de combate às fontes de poluição marinha por resíduos sólidos, que vem sendo realizado desde 2018 pela ABRELPE, em parceria com outras organizações internacionais como a ISWA e a Agência de Proteção Ambiental da Suécia.

“A iniciativa permite que as cidades identifiquem as fontes de vazamento e os tipos de resíduos encontrados nos oceanos e recebam assistência para o aprimoramento da gestão de resíduos sólidos em terra, como forma de prevenir o lixo no mar”, diz Carlos Silva Filho, diretor-presidente da ABRELPE e presidente da ISWA.

O município de Balneário Camboriú integra a iniciativa desde 2019 e já demonstra avanços significativos na gestão dos resíduos sólidos urbanos, como o aprimoramento da coleta seletiva de recicláveis e a comunicação com a sociedade. “Após a implementação do Programa ReciclaBC em 2018 a coleta seletiva em Balneário Camboriú cresceu mais de 73%. Paralelo a isso, em 2019 a ABRELPE nos convidou para integrar o seleto grupo de seis cidades brasileiras escolhidas para participar do Programa de Prevenção e Combate as Fontes de Poluição Marinha Causada por Resíduos Sólidos – Projeto Lixo Fora d’Água. Desde então, Balneário Camboriú vem desenvolvendo uma série de ações que ampliaram a limpeza das nossas praias e rios, além de mapear os escapes de resíduos para o mar. Ampliamos também a rede de esgoto para mais de 98% da cidade e estamos rumo à universalização do saneamento com obras em andamento no Estaleiro e Estaleirinho. Fiscalizamos e lacramos ligações clandestinas e tornamos mais dura a legislação para quem não se liga na rede. Recuperamos e revitalizamos rios e cursos d’água por toda cidade. O resultado foi balneabilidade positiva em toda a Praia Central de Balneário Camboriú”, pontua o prefeito Fabrício Oliveira.

Projeto Lixo Fora D’Água

Dados do relatório demonstram que as três principais fontes de vazamento de lixo no mar são as ocupações irregulares sem infraestrutura urbana, como as comunidades nas áreas de palafitas, os canais de drenagem que atravessam a malha urbana e a própria orla da praia em sua faixa de areia.

Das coletas realizadas de Norte a Sul do país, os materiais plásticos aparecem em primeiro lugar: cerca 80% dos itens encontrados, e de forma variada, como plástico filme, pequenos tubos plásticos, hastes flexíveis e isopor, que contém plástico em sua composição. O outro material de grande concentração nas fontes de vazamento é a bituca de cigarro, e na sequência aparecem borracha, metal, madeiras, embalagens e outros.

Indicadores internacionais mostram que 80% do lixo marinho tem origem no ambiente terrestre e, no Brasil, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos vão parar nos rios e mares todos os anos, quantidade suficiente para cobrir 7 mil campos de futebol. Ressalta-se, porém, que esse total pode ser ainda maior já que as 30 milhões de toneladas de lixo que seguem para destinação inadequada, ou seja, lixões e aterros controlados, que ainda existem em todo o país, podem acarretar um acréscimo de 3 milhões de toneladas de lixo marinho a cada ano.

“Os resultados do projeto Lixo Fora D’Água são fundamentais para enfrentar o problema do lixo no mar. Mais do que limpar praias e retirar resíduos do oceano, o plano de ação permitirá às cidades o desenvolvimento de melhores práticas para evitar que os resíduos continuem a poluir o estuário e a orla da praia, passando por um processo de gestão adequada, com maior valorização dos materiais, o que além de proteção ambiental, será um fator de grande importância para o turismo e para a geração de emprego e renda nas cidades”, observa Carlos Silva Filho.

A próxima fase do projeto Lixo Fora D’Água será elaborar um roteiro para combate ao lixo no mar, com foco na melhoria dos sistemas de limpeza urbana, na valorização e recuperação dos materiais (principalmente plásticos) e na disponibilização das infraestruturas necessárias para impedir que tais materiais continuem chegando nos mares. Além disso, a metodologia desenvolvida será replicada em outras localidades e regiões do mundo, começando por um projeto internacional na região do Caribe.

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