Brasil ‘estaciona’ em 31º lugar no ranking de soft power 2024, mas segue como nação mais influente da América Latina
Global Soft Power Index foi apresentado em Londres e traz EUA, Reino Unido e China nas primeiras posições
As mudanças políticas ocorridas no Brasil em 2023 não influenciaram a percepção de influência do país na arena global: o país continuou em 31º no Global Soft Power Index, apresentado pela consultoria Brand Finance em Londres. Em 2023, o país tinha caído três posições em relação ao ano anterior.
Os dois países mais influentes também continuam os mesmos do ano passado: Estados Unidos e Reino Unido. Mas a Alemanha perdeu duas posições, e a China agora está em terceiro lugar na lista dos que mais influenciam os demais sem uso de armas ou poder econômico, sendo o conceito de soft power.
O Brasil continua como o mais bem colocado na América Latina, mas vizinhos avançaram no ranking. A Argentina ganhou quatro posições, indo de 42º para 32º, e o México ganhou três, figurando agora como 44º no Global Soft Power Index.
Como funciona o índice de soft power
O estudo da consultoria britânica, lançado em 29 de fevereiro, consolida o resultado de pesquisas de opinião com mais de 170 mil entrevistados de mais de 100 países para identificar as percepções globais sobre todos os 193 estados-membros das Nações Unidas. Cada nação é pontuada em 55 métricas diferentes. A ponderação delas gera a posição na lista.
A permanência dos EUA e do Reino Unido nos primeiros lugares pode em parte ser associada à força de suas indústrias de entretenimento e de mídia em um idioma com penetração global.
Filmes, séries em canais de streaming, os noticiários de redes como BBC e CNN e jornais internacionais como New York Times e Financial Times contribuem para a percepção do público.
Mas não é só isso. O relatório da Brand Finance salienta a importância crescente dos atributos Negócios e Comércio para o soft power, em um momento de desafios econômicos e instabilidade política.
A “economia forte e estável” é de longe o motor mais forte da Influência e da Reputação; ‘produtos e marcas que o mundo adora’, bem como ‘fácil de fazer negócios com’, ambos no top 5 dos atributos mais importantes devido ao seu papel na promoção da influência e da reputação
Por isso, grandes nações e economias desenvolvidas registam um crescimento mais rápido do soft power (média +3,1 entre os 50 primeiros) do que o resto do ranking (média -1,3 para aqueles classificados entre 51-193), aponta a consultoria.
Brasil, Índia e África do Sul: dificuldades para consolidar soft power
Por outro lado, grandes potências regionais como o Brasil e também Índia e África do Sul “têm dificuldades para concretizar seu potencial de soft power”, diz o estudo.
Os três têm pontuação relativamente alta em Familiaridade e Influência, especialmente em suas regiões de origem, mas perdem no quesito Reputação. Também se saem bem em Cultura e Patrimônio, ao mesmo tempo, em que mostram baixo desempenho em Negócios e Comércio.
Dessas três nações, o Brasil é a única que não perdeu posições. A Índia caiu para 29º e a África do Sul foi para seu ponto mais baixo desde que a análise começou a ser feita: 43º.
“Talvez seja necessário um esforço mais consciente para aumentar o soft power – credenciais econômicas mais fortes ajudariam, mas um investimento mais focado em outras áreas como Relações Internacionais e Cultura e Patrimônio também pode trazer efeitos positivos, como na Turquia”, aponta a consultoria.
Para Eduardo Chaves, Diretor da Brand Finance para a América Latina, o Brasil poderá aumentar a força de sua marca de país com uma boa gestão do que o país realmente é, o que ele realmente entrega como nação e o que comunica ao mundo.
“Integrando uma gestão de identidade, posicionamento, brand equity e imagem, com certeza o Brasil poderá aumentar seu soft power nos próximos anos”, afirma.
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