“Até quando a UE vai permitir?” Assis pede avaliação de alinhamento da Hungria com a Rússia

O Parlamento Europeu debateu as consequências da decisão da Hungria de estender o sistema de autorização de residência daquele país a cidadãos russos e bielorrussos

O eurodeputado socialista Francisco Assis considera que está na altura de se avaliar o porquê de Budapeste estar sempre a alinhar com Moscovo em vez de seguir os princípios democráticos europeus.

Esta tarde, em Estrasburgo, o Parlamento Europeu debateu as consequências da decisão da Hungria de estender o sistema de autorização de residência daquele país a cidadãos russos e bielorrussos.

Em causa está a preocupação da União Europeia com a possibilidade de espiões dos dois países se infiltrarem no espaço Schengen através da Hungria, depois de o primeiro-ministro Viktor Orbán ter anunciado essa medida após ter viajado para Moscovo no início da presidência húngara da União Europeia.

Francisco Assis defende que a decisão húngara foi “grave e incomparável com outros comportamentos de estados-membros da União Europeia”, que têm apertado as regras para nacionais daqueles dois países desde o início da invasão russa da Ucrânia, há mais de dois anos e meio.

“O que é grave é o processo e esse processo tem de ser devidamente avaliado e tem de ser claramente criticado, porque o que aqui está em causa é uma constante adesão à Rússia e uma permanente desvalorização do nosso modelo democrático europeu”, afirmou.

“E a Hungria quando chegou à União Europeia vinha precisamente disposta a entrar num clube democrático depois de ter vivido tantos anos sob ditadura. A questão que se coloca é até quando isto é possível, até quando a União Europeia vai continuar a permitir esta situação? Não é nada contra a Hungria, é apenas um reparo contra o governo que está momentaneamente no poder”, concluiu.

Já o eurodeputado do Chega Tânger Correia não vê qualquer problema na atitude de Viktor Orbán.

O antigo embaixador fez referência aos 40 anos de carreira para sublinhar que toda a gente fala de Schengen, mas ninguém sabe do que está a falar.

Para Tânger Correia o problema agora está na Europa Ocidental, incluindo em Portugal e não nos “14 vistos concedidos em julho e agosto: dez a russos e quatro a bielorrussos”, que estavam “perfeitamente identificados”.

“Não me parece que seja um processo de espiões. Querem casos de problemas de segurança? Eu dou-vos: a liberalização de vistos para nacionais do Kosovo, com as máfias todas a circular livremente pela Europa; dirigentes do Bangladesh, proscritos no seu próprio país por radicalismo islamita, que foram fazer reuniões na capital do meu país, em Lisboa. Isto são riscos de segurança, isto é o que está a pôr a Europa em perigo, não é a meia dúzia de vistos que Viktor Orbán concede aos russos e bielorrussos”, adiantou.

“E quem é que vos disse que esses dez russos e quatro bielorrussos são agentes de Putin e não são opositores de Putin que pura e simplesmente querem trabalhar fora e fazer a sua vida?”, questionou.

A Hungria falhou o prazo de 20 de agosto para dar uma resposta detalhada à Comissão Europeia após alertas de segurança sobre medidas para flexibilizar a entrada de viajantes e trabalhadores russos e bielorrussos na Europa.

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