Alta dos alimentos está longe de acabar 

No Brasil, uma pessoa gasta, em média, R$618,00 por mês com alimentação; Valor representa 50,9% do salário-mínimo 

Comer fora ou ir ao supermercado encher o carrinho se tornou uma tarefa das mais difíceis para o brasileiro, principalmente nos últimos dois anos. Isso porque a alta dos preços dos alimentos – influenciada por fatores climáticos, econômicos, geopolíticos – não tem data para terminar. De acordo com a mais recente Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as famílias brasileiras destinam, em média, cerca de 20% de sua renda mensal para alimentação. Esse percentual pode variar conforme a região, faixa de renda e composição familiar. 

Quando se colocam em valores reais, o rombo é ainda maior. “No Brasil, uma pessoa gasta, em média, R$618,00 por mês com alimentação. Esse valor representa 50,9% do salário-mínimo, indicando que o custo com alimentação compromete parte significativa do orçamento das famílias, especialmente daquelas de menor renda”, explica Laís Silva Santos Requena, professora do curso de Ciências Econômicas da EAD UniCesumar, Instituição de Ensino Superior (IES) com 35 anos de trajetória. 

Os itens da cesta básica também não saem ilesos. Como os alimentos da cesta fazem parte do cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), qualquer aumento nesses produtos reflete diretamente na inflação e no poder de compra da população. Para se ter uma ideia, em 2024, o preço da cesta básica subiu 14,22%, com aumentos expressivos em produtos essenciais, como café torrado (+39,6%), óleo de soja (+29,22%), leite longa vida (+18,83%), arroz (+8,24%). “Esse encarecimento impacta principalmente as famílias de baixa renda, que destinam a maior parcela do orçamento à alimentação”, pontua a professora. 

O que esperar? 

De acordo com o IPCA de janeiro de 2025, que acaba de ser divulgado, houve desaceleração da inflação geral, registrando 0,16% no mês – o menor índice para janeiro desde o Plano Real. No entanto, essa redução não se refletiu nos preços dos alimentos, que continuam em alta, com variação de 0,96% no período. “Segundo o relatório Focus do Banco Central, a inflação deve continuar elevada ao longo de 2025, pois as medidas econômicas adotadas pelo governo demoram entre seis e dezoito meses para produzir efeitos. Assim, a expectativa é que os preços só comecem a apresentar quedas a partir de 2026 e de forma gradual”, explica. 

Ainda conforme ela, é importante salientar que o setor de alimentos e de bebidas tem sido um dos principais responsáveis pela inflação no Brasil. “Em 2024, esse grupo registrou alta de 7,69%, contribuindo com 1,63 pontos percentuais no IPCA. Esse movimento foi impulsionado pelo aumento no preço das carnes, pelo impacto de eventos climáticos sobre a produção agrícola e pela desvalorização do real frente ao dólar.” Em janeiro de 2025, o IBGE divulgou que o IPCA fechou o ano anterior em 4,83%, superando o teto da meta estipulada pelo governo. Apesar da desaceleração da inflação geral, os alimentos continuam pressionando os preços, dificultando o alívio para os consumidores. 

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