
Emasa conclui conserto de adutora rompida pela SCGás e adota medidas administrativas e jurídicas contra a concessionária
Trabalhos duraram mais de 30 horas, mobilizaram equipes durante toda a madrugada e exigiram a retirada de milhões de litros de água do sistema

A Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa) de Balneário Camboriú concluiu, na madrugada desta sexta-feira (19), o conserto da adutora de água bruta rompida após intervenção irregular da concessionária SCGás no município de Camboriú. O acidente ocorreu no final da tarde da última quarta-feira (17), na Rua Marmeleiro, no bairro Tabuleiro, durante uma perfuração realizada pela empresa para a instalação de rede de gás, sem comunicação prévia à autarquia.
Durante a execução do serviço, a SCGás utilizou uma máquina perfuratriz que atingiu uma adutora de 800 milímetros de diâmetro, responsável por transportar água bruta do Rio Camboriú, a partir da Estação de Recalque de Água Bruta (ERAB), até a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Balneário Camboriú, onde ocorre o processo de tratamento e posterior distribuição para Balneário Camboriú e Camboriú. A Emasa não foi informada sobre a atividade no local e identificou a ocorrência apenas por meio do sistema de telemetria, ao detectar queda de pressão na rede, sendo oficialmente avisada do rompimento apenas por volta das 22h.

Diante da complexidade do cenário — que envolve também a passagem de outra adutora de água bruta de 600 milímetros no mesmo ponto — a administração da Emasa adotou, inicialmente, uma estratégia preventiva para reduzir os impactos à população. Foram realizados reforços no abastecimento dos reservatórios da cidade, a fim de garantir água pelo maior tempo possível, e emitido comunicado oficial na manhã de quinta-feira (18), orientando a população a economizar água.
“Tivemos uma situação extremamente grave, provocada por uma intervenção não comunicada em uma das principais estruturas do sistema de abastecimento da região. Nossa prioridade, desde o primeiro momento, foi preservar a segurança operacional e minimizar os impactos para a população”, afirmou o diretor-presidente da Emasa, Auri Pavoni. Segundo ele, o rompimento atingiu uma adutora estratégica, responsável por levar água bruta para o tratamento que abastece duas cidades, o que amplia significativamente a gravidade da ocorrência.
Técnicos da Emasa e trabalhadores das empresas contratadas atuaram de forma ininterrupta por mais de 30 horas, realizando manobras complexas para viabilizar a manutenção e o conserto da adutora atingida. Durante todo o dia de quinta-feira (18), foi necessária a despressurização completa do sistema e a retirada de milhões de litros de água das adutoras de água bruta, medida indispensável para garantir a segurança técnica das equipes e possibilitar a execução do reparo.
Paralelamente, tiveram início os trabalhos diretos de manutenção da adutora rompida. Para isso, foi preciso esvaziar completamente o trecho afetado, um processo demorado e de alto risco técnico, uma vez que o local apresentava uma grande cratera aberta. Foi necessário escoramento da área para evitar desmoronamentos e a utilização cuidadosa de maquinário pesado, garantindo que a estrutura da adutora não sofresse novas avarias durante o conserto.
O diretor técnico da Emasa, Jefferson Andrade, que acompanhou pessoalmente todas as etapas do serviço ao longo da madrugada, destacou a complexidade da operação. “Foi um trabalho extremamente delicado, que exigiu precisão técnica, planejamento e atenção constante. Estamos falando de adutoras de grande porte, com alto volume de água, em um local sensível. Qualquer erro poderia gerar danos ainda maiores ao sistema”, explicou.
O processo de reparo se estendeu por grande parte da madrugada desta sexta-feira (19). Por volta das 5h, as bombas de água bruta foram religadas, iniciando o preenchimento gradual do sistema e o envio da água até a Estação de Tratamento de Água. A partir desse momento, teve início a fase de restabelecimento do abastecimento, que ocorre de forma lenta e progressiva, já que a água precisa passar por todo o processo de tratamento, seguir para as adutoras que alimentam os reservatórios e, somente depois, chegar às residências e estabelecimentos comerciais.
Busca pela responsabilidade
Em paralelo à conclusão do conserto, a Emasa informa que irá registrar Boletim de Ocorrência contra a SCGás, responsável pela perfuração da adutora, além de já estarem em andamento medidas administrativas e jurídicas para a apuração de responsabilidades e a cobrança dos expressivos prejuízos operacionais e financeiros causados pela intervenção irregular. A ocorrência resultou em impactos diretos no sistema de abastecimento, deixando milhares de moradores e estabelecimentos comerciais de Balneário Camboriú e Camboriú temporariamente sem água.
“Não se trata apenas de um dano físico a uma estrutura. Houve prejuízos operacionais significativos, custos elevados e, principalmente, impactos diretos à população. A Emasa vai agir com firmeza para que todas as responsabilidades sejam devidamente apuradas”, reforçou Auri Pavoni.


