“Estávamos colados à televisão”: a reação dos venezuelanos ao Nobel da Paz para a “mulher ferro”, um “exemplo de liberdade”
A atribuição do Nobel da Paz a María Corina Machado é celebrado pelos venezuelanos e luso-venezuelanos a viver em Portugal
A Associação de Venezuelanos e Luso-Venezuelanos em Portugal congratula-se com a atribuição do Prémio Nobel da Paz a María Corina Machado, a “mulher ferro”, que é também um “exemplo de liberdade”. Em declarações à TSF, contam como foi vivido o momento do anúncio da Real Academia Sueca.
“Sabíamos que ela estava nomeada e contávamos muito que isso acontecesse, (…) mas ficámos surpreendidos porque não é algo que costuma ser atribuído para os nossos lados”, diz satisfeito o presidente da Venexos, Associação de Venezuelanos e Luso-Venezuelanos em Portugal.
O Comité do Nobel anunciou a atribuição do Prémio Nobel da Paz a María Corina Machado por “manter a chama da democracia acesa no meio da escuridão”. Para os venezuelanos expatriados, a ativista representa precisamente a palavra “liberdade”.
“Ela é a nossa heroína, a mulher de ferro, aquela que ficava lá, que lutava e não baixava os braços, é o exemplo de liberdade“, acentua o representante da Venexos.
Christian Hön acredita que este prémio pode fazer com que a comunidade internacional perceba que tem de apoiar María Corina Machado. A líder da oposição venezuelana encontra-se nesta altura na clandestinidade, pelo que vai aparecendo apenas esporadicamente. “Não revelamos onde está porque pode ser presa, mais uma vez, pelo regime”, explica.
Christian Höhn lembra que do país liderado por Nicolás Maduro têm saído milhares de venezuelanos, “mas o difícil é conseguir dinheiro para sair”.
“Os que não têm, vão para os países da América Latina, os que têm um bocadinho mais de dinheiro vêm para a Europa, sobretudo para Espanha por causa da língua”, conta. Para Portugal deslocaram-se nos últimos anos sobretudo luso-venezuelanos que têm familiares no país, muitos deles filhos ou netos de emigrantes que rumaram à Venezuela há muitos anos.
“A minha mãe está lá e, tristemente, eu não posso entrar por ser ativista“, lamenta Christian Höhn. “A situação é muito complicada nos hospitais, com a falta de comida”, conta.
“Não se fala de política nas ruas, há medo até de falar com um taxista, porque nunca sabemos quem está do lado do Madurismo”, revela ainda.
Este ativista da oposição acusa o Governo de ter tornado a Venezuela um “cartel de droga”, argumentando que essa é a razão para que os Estados Unidos estejam “na fronteira”.
“Acreditamos que esta nomeação vai abrir os olhos à comunidade internacional, que vai ter de tomar uma posição“, acrescenta.