Falsos remédios, medidas de prevenção e curas circulam em redes sociais em meio à pandemia do novo coronavírus
O surto do novo coronavírus e da doença que este provoca, a COVID-19, gerou uma avalanche de desinformação sobre como prevenir o contágio, como tratar os sintomas e até como curá-los.
O novo coronavírus detectado na cidade chinesa de Wuhan no final de 2019 tem gerado um fluxo ininterrupto de informações falsas, amplamente compartilhadas nas redes sociais por todo o mundo. Abaixo, listamos as verificações feitas em português pela AFP, começando pelas mais recentes:
Uma foto de Joice Hasselmann (PSL) sem máscara em um hospital foi amplamente compartilhada em redes sociais no dia 18 de junho para colocar em dúvida a notícia de que a deputada federal foi diagnosticada com o novo coronavírus. A imagem, data, no entanto, do início de março deste ano, quando a parlamentar passou por uma histerectomia. Na época, o Brasil havia registrado apenas dois casos importados de coronavírus.
Publicações compartilhadas mais de 8 mil vezes em redes sociais desde meados de junho asseguram que emissoras de TV passaram a mostrar uma redução na procura por atendimento de pacientes de COVID-19 no Brasil após o presidente Jair Bolsonaro pedir que seus apoiadores filmem hospitais públicos “para mostrar se os leitos estão ocupados ou não”. A reportagem usada para embasar a alegação foi exibida, no entanto, horas antes do presidente fazer o polêmico pedido. Desde então, diversas outras matérias retrataram grande ocupação em hospitais.
Um vídeo compartilhado milhares de vezes em redes sociais desde o início de junho assegura que um manifestante idoso fingiu ter machucado a cabeça após ter sido empurrado por um policial durante um protesto desencadeado pela morte de George Floyd, no estado de Nova York, nos EUA. No entanto, o homem foi hospitalizado e a Procuradoria disse que ele foi atendido com uma ferida na cabeça e uma hemorragia no ouvido. Sua advogada, além disso, classificou a alegação como “ridícula”.
Um vídeo de um homem sendo agredido por diversas pessoas foi compartilhado mais de 20 mil vezes em redes sociais desde o fim de maio. Segundo as publicações, a vítima era um comerciante que morreu enquanto defendia sua loja de um saque em meio aos protestos antirracismo realizados atualmente nos Estados Unidos. Na verdade, segundo a polícia, o homem ficou momentaneamente inconsciente após esta gravação, quando foi espancado por manifestantes a quem perseguia com uma faca em Dallas. Por outro lado, nada indica que ele fosse proprietário de um comércio.
Imagens de uma grande aglomeração de pessoas próximas ao Obelisco de Buenos Aires, na Argentina, foram compartilhadas milhares de vezes em redes sociais desde meados de junho como se mostrassem um protesto atual contra o presidente do país sul-americano, Alberto Fernández. Embora Fernández tenha sido alvo de manifestações recentemente, o vídeo viralizado data de outubro de 2019 e registra um ato a favor da reeleição do então presidente argentino, Mauricio Macri.
“Ainda parece ser raro que uma pessoa assintomática realmente transmita adiante”, disse a líder técnica da OMS Maria Van Kerkhove em coletiva de imprensa sobre a COVID-19 no último dia 8 de junho. A frase, largamente reportada, foi interpretada por muitos como um sinal de que o isolamento social contra o novo coronavírus é desnecessário. Van Kerkhove esclareceu, contudo, um dia depois, que pacientes assintomáticos podem, sim, transmitir a COVID-19. Especialistas destacaram, ainda, a dificuldade de diferenciar estes pacientes daqueles que ainda vão desenvolver sintomas, tornando cruciais as medidas mais amplas de prevenção.
De acordo com publicações compartilhadas centenas de vezes nas redes sociais desde meados de maio, o presidente de Madagascar denunciou que a OMS lhe ofereceu um suborno de 20 milhões de dólares “para envenenar a cura da COVID-19”, que é “baseada em uma planta”. O gabinete do próprio presidente malgaxe, Andry Rajoelina, “desmentiu formalmente” esta afirmação à AFP.
Uma imagem compartilhada mais de 2 mil vezes nas redes sociais desde meados de maio assegura que as máscaras cirúrgicas impedem a oxigenação pulmonar e levam o usuário a respirar os seus resíduos respiratórios, entre outros problemas. A maioria destas afirmações, contudo, é falsa, de acordo com os especialistas consultados.