Folha do Litoral conversa com a empresária e advogada camboriuense Lu Piccoli

Folha do Litoral conversa com a empresária e advogada camboriuense Lu Piccoli


“Se eu ganhei mais uma chance de viver, é porque eu tenho uma missão e essa missão é ajudar as pessoas”

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O jornal Folha do Litoral entrevista essa semana a empresária camboriuense Luciana Piccoli, que tem se consolidado como uma líder no movimento para aumentar a presença feminina na política local. Piccoli acredita firmemente que, para alcançar mudanças significativas e duradouras, é fundamental que as mulheres se levantem, se posicionem e defendam suas ideias e valores.

Foto: Ariel Silva

Acompanhe a entrevista:

Quem é a Luciana Piccoli?
Eu sou uma empresária da construção civil, advogada e apaixonada pela cidade de Camboriú. Sempre participei da política, fazendo campanhas, balançando bandeira, mas nunca me envolvi de forma tão direta. Eu tive um problema muito sério de saúde, um tumor na cabeça, ganhei uma nova chance de viver e passei a enxergar a vida de uma outra forma. Se eu ganhei mais uma chance de viver, é porque eu tenho uma missão e essa missão é ajudar as pessoas. E para ajudar as pessoas, uma das formas é através da política, porque tudo passa pela política. Às vezes a gente não se dá conta da importância que é participar do movimento político, mas tudo passa por alí, as decisões mais importantes da sociedade estão diretamente ligadas a política.

Hoje você é a vice-presidente no PSD de Camboriú, partido do Leonel Pavan que é pré-candidato a prefeito. Como é pra você mulher, estar num cargo importante, mas em um ambiente que ainda é dominado por homens?
De fato a política ainda é um espaço ocupado por homens, muitas vezes machista, mas isso está mudando, lentamente, mas está mudando. O nosso pré-candidato a prefeito, Leonel Pavan tem valorizado e incentivado a participação das mulheres. Nas reuniões com os partidos ele sempre tem destacado isso. Mas essa baixa participação é compreensível, faz menos de um século que as mulheres conquistaram o direito de votar no Brasil. Além disso, a mulher mutas vezes tem que cuidar da casa, dos filhos, ainda trabalham fora, fazem diversas tarefas. Tudo isso contribui para essa ausência na política.

O nosso país ocupa a posição de número 135 no ranking de percentual de mulheres no parlamento. As mulheres ocupam apenas 17% das cadeiras no país. Em Camboriú, das 15 vagas, apenas duas são ocupadas por mulheres. Em Balneário, das 19, temos apenas uma mulher vereadora. E olha que somos 53% do eleitorado. Eu não estou dizendo que mulher tem que votar em mulher e homem tem que votar em homem, longe disso. Não quero fazer divisão de gêneros… Não é isso!

O que eu quero é que as mulheres competentes, que têm sensibilidade, que querem um país mais justo, também se coloquem à disposição e assim recebam votos de outras mulheres e também dos homens. Porque na hora de votar um projeto de Lei, defender uma proposta ou até mesmo administrar uma cidade, é preciso considerar o olhar feminino.

Foi isso que te levou a criar um movimento de mulheres? Como que funciona esse grupo?
Exatamente por esse motivo. Foi daí que surgiu a ideia de reunir as mulheres. Começamos com um grupo pequeno, cerca de 20, falando de violência, da falta de emprego, da desigualdade salarial, de oportunidades, da participação delas na política e agora no último encontro já tínhamos mais de 100 mulheres, inclusive algumas delas demonstrando interesse em serem candidatas. Esse é o nosso objetivo, mostrar que elas podem, só precisam se colocar à disposição e querer contribuir. Nós temos nos reunido a cada 15 dias, sempre com uma palestra, um jantar e é sempre muito legal, porque é uma troca de ideias, de experiências, cada uma na sua área e dividir isso, uma com as outras, é muito bom.

O partido a qual você é vice-presidente está apresentando uma pré-candidatura a prefeito de oposição ao atual governo. Na sua visão quais os maiores problemas de Camboriú?
Eu ando pelas ruas, converso com as pessoas e o que Camboriú mais precisa nesse momento é aumentar a arrecadação para fazer as obras necessárias. O trânsito virou um caos, precisamos ampliar ou criar mais vias de saída e entrada para a cidade. O binário da Avenida Santa Catarina precisa sair do papel. Nos horários de pico vira um caos…

Na saúde as pessoas esperam meses e em alguns casos, até anos pra fazer um exame, uma cirurgia e até uma consulta com especialista. É preciso um plano para atrair grandes empresas para cá, para gerar empregos, oportunidades e também impostos. Só assim para aumentar a arrecadação e a gestão poder fazer os investimentos. Outra área que devemos apostar é no turismo rural e religioso, a cidade tem muito potencial.

O tratamento do esgoto também precisa acontecer, temos que olhar com mais carinho para o Rio Camboriú. Os nossos servidores públicos precisam ser valorizados, os salários de Camboriú são uns dos mais baixos da Amfri. O transporte público também precisa de uma atenção urgente. Enfim, são várias áreas que precisam de atenção e é por isso que nós estamos apresentando o nome do Pavan. A gente acredita que ele pode liderar essa mudança, assim como já fez em Balneário Camboriú.

Você é pré-candidata a vereadora?
Não, não sou pré-candidata a vereadora. Como vocês sabem, o Victor Piccoli é meu filho, ele já exerceu o mandato de vereador em Camboriú, sofreu aquele terrível acidente que colocou ele na UTI por vários dias e agora recuperado ele quer colocar o nome dele a disposição novamente para uma cadeira na Câmara, ele é pré-candidato e eu com certeza estarei junto apoiando.

Ele assim como eu, é apaixonado por política, apaixonado por Camboriú e quer somar com a cidade. Eu fiquei com dificuldade de locomoção depois do meu problema de saúde, assim como ele também tem dificuldades, principalmente para se comunicar, pois ficou com sequelas na produção vocal. E ele quer trabalhar muito essa questão da acessibilidade, de ações para às pessoas com deficiências, sejam elas físicas, auditivas, intelectuais, visuais, estomias e múltiplas deficiências e eu quero somar com ele nessas ações.

Nos bastidores e até a imprensa cogita seu nome como vice na chapa com o Pavan. Existe essa negociação?
Não existe negociação, nesse momento é muito burburinho. Por conta desse grupo de mulheres que comecei a reunir e por estar participando ativamente do processo eleitoral desse ano, meu nome começou a circular entre as pessoas que gostam de discutir política, assim como outros nomes que são falados todos os dias. Estamos em um momento de articulação, de construção, e até as convenções partidárias em agosto, vai ser assim.

Eu conheço o Leonel há anos, admiro a sua trajetória, somos amigos de toda a família, sou uma fã e admiradora da Juliana por sua garra e determinação, porém não é só isso que conta. Existem diversos fatores que levam escolha de um vice, precisa ser uma pessoa que vai somar com o candidato e ajudá-lo.

Seria um prazer compor a chapa, poder somar nesse projeto, mas ainda tem muita água para passar embaixo dessa ponte. Compondo a chapa ou não, estaremos com toda a garra e disposição nas ruas defendendo o projeto do PSD para as eleições de outubro, porque acreditamos que é preciso uma mudança na gestão.

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