“Gwada negativo”: novo grupo sanguíneo identificado em mulher francesa. “Apenas ela é compatível consigo mesma no mundo inteiro”
Foi identificado na paciente um “anticorpo muito particular e desconhecido” em 2011. Porém, o “mistério” só foi resolvido a partir de 2019, graças à “sequenciação de ADN de altíssima velocidade”

Uma francesa originária da ilha de Guadalupe foi identificada como a única conhecida portadora de um novo grupo sanguíneo, denominado “Gwada negativo”, adiantou na sexta-feira um responsável do Instituto Francês de Sangue (EFS), confirmando uma informação da emissora France Inter.
Em 2011 foi detetado nesta paciente um “anticorpo muito particular e desconhecido”, mas os meios técnicos da época não permitiam continuar as investigações, explicou Thierry Peyrard, farmacêutico e biólogo médico, responsável do EFS pela qualidade e segurança dos produtos sanguíneos.
Os cientistas puderam “resolver o mistério” a partir de 2019, graças à “sequenciação de ADN de altíssima velocidade”, que revelou uma mutação genética, acrescentou.
O nome “Gwada negativo”, que faz referência às origens guadalupenses da paciente e “soa bem em todos os idiomas”, foi muito bem recebido pelos especialistas, segundo Peyrard.
A descoberta deste novo grupo foi oficializada no começo de junho em Milão pela Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue (ISBT), indicou o EFS nas redes sociais.
Hoje sexagenária, a paciente tinha 54 anos e residia em Paris quando, durante alguns exames rotineiros prévios a uma operação cirúrgica, foi detetado o anticorpo desconhecido, relatou Peyrard.
“Hoje apenas ela é compatível consigo mesma no mundo inteiro”, enquanto para outros grupos sanguíneos raros costuma haver pequenos grupos de pessoas compatíveis, como irmãos.
Essa mulher seria, segundo o especialista, “o único caso conhecido no mundo”.
O pesquisador e a sua equipa estão a desenvolver atualmente um protocolo especial com a esperança de encontrar outras pessoas com o mesmo grupo, “especialmente em Guadalupe, entre os doadores de sangue”.
Esse grupo sanguíneo é herdado de ambos os progenitores, já que cada um deles era portador do gene mutado. Tal como os pais, os irmãos da paciente eram portadores de um único alelo, pelo que não pertencem a este grupo sanguíneo, que só se manifesta quando se herdam os dois genes idênticos.