Lula exalta processo de reindustrialização em inauguração de fábrica de medicamentos para diabetes e obesidade

Lula exalta processo de reindustrialização em inauguração de fábrica de medicamentos para diabetes e obesidade

Empreendimento em Hortolândia demandou investimento de R$ 70 milhões, sendo R$ 48 milhões financiados pelo BNDES. Iniciativa reforça Complexo Econômico-Industrial da Saúde

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou nesta sexta-feira, 23 de agosto, a inauguração da fábrica de polipeptídeo sintético da EMS, em Hortolândia (SP). O empreendimento conta com tecnologia de ponta para produção das moléculas de liraglutida e semaglutida, destinadas ao tratamento de obesidade e diabetes, que serão comercializadas no país e no mundo.

“É gratificante participar da inauguração de uma coisa que ajudei a começar. Depois de 15 anos, volto aqui como presidente outra vez. Valeu a pena fazer investimento aqui porque vocês têm competência, dedicação e vão ajudar a salvar muita gente”, ressaltou Lula. “A expansão de uma empresa farmacêutica brasileira é uma demonstração daquilo que sempre reafirmo: a capacidade realizadora de nossos empresários e a qualidade da mão de obra brasileira, sempre elogiada em todo o mundo”, continuou.

A fábrica demandou investimento de R$ 70 milhões. Do total, R$ 48 milhões vieram de financiamento com o BNDES. Os medicamentos a serem produzidos são os chamados peptídeos, análogos de GLP-1, que age semelhante ao hormônio natural. Isso possibilita a redução de efeitos colaterais para os pacientes, assim como dos custos.

A EMS exporta seus produtos para 56 países e tornou-se uma grande parceira das políticas do Governo Federal, de acordo com o presidente. “A EMS produz medicamentos estratégicos para o SUS atender adultos e crianças. Isso inclui imunossupressores para transplantes hepáticos e renais e remédios para tratamento de esclerose múltipla, doença de Alzheimer e esquizofrenia. A trajetória da excelência dessa farmacêutica é também um dos paradigmas para o complexo econômico e industrial da saúde que estamos erguendo como um dos pilares da reindustrialização do Brasil”, pontuou Lula, que recebeu durante o evento um desenho de alunos de uma escola da região.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, exaltou a importância da iniciativa. “Essa é uma fábrica que gera empregos. São quase 10 mil colaboradores, na vanguarda da inovação, com novos produtos que vão revolucionar a ciência e a medicina. Mas é, especialmente, uma fábrica que salva vidas”, declarou Alckmin.

REGISTRO — A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que a cerimônia marcou o “lançamento do primeiro medicamento produzido no país para tratamento de diabetes e obesidade de forma inovadora, utilizando peptídeos”. Ela indicou que a pasta trabalha junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que haja a aceleração da análise para liberação de medicamentos estratégicos para o país, como a liraglutida. “Em interação com a diretoria que cuida do registro da liraglutida, vimos que, até outubro, teremos o registro desse importante medicamento, cuja planta acabamos de visitar”.

FLUXO CONTÍNUO – Por sua vez, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, pontuou que neste mês o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia firmou o compromisso de destinar R$ 577 milhões para três projetos com a Bionovis e a EMS. “Dois desses projetos são créditos e um deles é subvenção econômica, para biofármacos e para anticorpos monoclonais”, explicou. “Nós vamos garantir um fluxo contínuo de investimentos. E vamos garantir que esses investimentos tenham perenidade e que se tornem, cada vez mais, política de Estado”, completou.

PLANO DE NEGÓCIOS – A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) também apoia projetos da indústria da saúde. O presidente da Finep, Celso Pansera, lembrou que há menos de um ano recebeu uma equipe da EMS, que apresentou um plano de negócios de R$ 5 bilhões da empresa e solicitação de financiamento. “Desse plano de negócio, eles já apresentaram quatro projetos para a Finep. Desses quatro projetos, há uma nova planta de R$ 458 milhões. Nós já aprovamos R$ 400 milhões, assinamos o contrato. E, na semana passada, liberamos a primeira parcela de R$ 122 milhões”, afirmou. A Finep também liberou R$ 5 milhões para um projeto de subvenção econômica da EMS.

RECORDE HISTÓRICO – Já o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que o banco aumentou em 84% as aprovações de crédito no primeiro semestre deste ano. “Comparando com o primeiro semestre de 2022, na indústria, nós aumentamos 157%; e na agricultura, 204%. E no caso da saúde, estamos batendo recorde histórico de financiamento. O BNDES já aprovou R$ 4 bilhões e nós vamos fechar este ano com um mínimo de R$ 5,5 bilhões”, declarou.

CEIS — A estrutura no interior paulista reforça o esforço do Governo Federal no fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), um dos setores estratégicos no processo de reindustrialização do país. O Governo Federal prevê investir R$ 57,4 bilhões no CEIS, entre recursos do poder público e da iniciativa privada, até 2026, com o objetivo de expandir a produção nacional de itens prioritários para o Sistema Único de Saúde (SUS) e reduzir a dependência do Brasil de insumos, medicamentos, vacinas e outros produtos de saúde estrangeiros. O CEIS integra uma nova proposta de industrialização do país, focada na inclusão social e na sustentabilidade ambiental.

POLÍTICAS – Na matriz de desafios produtivos e tecnológicos em saúde, o diabetes foi identificado como prioridade, tornando a inovação e o desenvolvimento tecnológico de plataformas e produtos relacionados a essa condição algo relevante para o CEIS. A entrada da EMS no mercado público foi impulsionada pelas políticas e programas do Governo Federal, com destaque para o Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) do Ministério da Saúde. Entre as PDPs firmadas, dez já forneceram ou estão fornecendo medicamentos para o SUS, sendo seis fornecidos em 2024. Esses medicamentos são para tratamentos de câncer, esquizofrenia, imunossupressores usados por transplantados e doenças raras como a esclerose múltipla. Os medicamentos são adquiridos de forma centralizada pelo Ministério da Saúde para o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) e distribuídos às secretarias de saúde dos estados e do Distrito Federal, sendo oferecidos gratuitamente à população.

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