Macron anuncia ajuda suplementar à Ucrânia de dois mil milhões de euros
“A França está a enviar uma mensagem clara e inequívoca de apoio a toda a nação ucraniana”, garante o Presidente francês

O Presidente francês anunciou esta quarta-feira uma ajuda suplementar de dois mil milhões de euros à Ucrânia, numa conferência de imprensa ao lado do homólogo ucraniano, em Paris.
“A França cumprirá os seus compromissos”, garantiu Emmanuel Macron, depois de se reunir com Volodymyr Zelensky por uma hora e meia no Palácio do Eliseu, acrescentando que “a Ucrânia está a travar uma batalha que ultrapassa as suas fronteiras”.
Por essa razão, “a França está a enviar uma mensagem clara e inequívoca de apoio a toda a nação ucraniana” perante a agressividade da Rússia que “tem um impacto muito direto na segurança na Europa”, disse o Presidente francês.
“Os ataques russos têm de parar”, afirmou Macron, que considera que os últimos dias foram uma “fase decisiva” no conflito e que “o objetivo continua a ser uma paz duradoura”.
O Presidente francês acusou Moscovo de ter “demonstrado vontade de guerra” e de acrescentar “novas condições” ao acordo alcançado, através dos Estados Unidos, para uma trégua no mar Negro, pedindo à Rússia que aceite um cessar-fogo de 30 dias sem “condições prévias”.
Já Zelemsky disse esperar que os Estados Unidos “garantam a natureza incondicional do cessar-fogo”.
Quanto à possibilidade de enviar soldados estrangeiros para a Ucrânia, “as questões concretas (…) podiam ser resolvidas amanhã [quinta-feira], ou pelo menos discutidas”, afirmou.
Para Macron, estas seriam “forças de dissuasão” baseadas em escolhas de cada país e que “poderão ser chamadas a manter posições na zona de paz no território ucraniano”.
Zelensky elogiou o apoio francês, defendendo que “muito pode e deve ser feito pela segurança na Europa”.
Por agora, a Ucrânia vai “continuar a aumentar o número de Mirages” instalados no território, disse o líder ucraniano, esperando que “as sanções contra a Rússia se mantenham em vigor” e sejam reforçadas enquanto durar a ocupação russa.
Além do apoio monetário, Paris vai “prestar apoio imediato à Ucrânia” com o envio de sistemas de defesa aérea, como mísseis Mica instalados nos aviões Mirage, entregues anteriormente, mísseis terra-ar Mistral, veículos blindados, tanques, munições, algumas das quais operadas por controlo remoto, e drones.
“Temos capacidades disponíveis nas nossas reservas que ainda podem ser fornecidas”, disse Macron, sublinhando os acordos de coprodução na indústria de defesa.
“Fizemos também progressos na cooperação em matéria de satélites e de informações. Este apoio será também complementado pela produção na Ucrânia, graças às parcerias estabelecidas com as nossas empresas de defesa”, acrescentou.
Durante a manhã, Zelensky afirmou, em conferência de imprensa, que o objetivo da a Paris era perceber “quem está pronto para fornecer garantias de segurança”, relativamente ao envio de um contingente militar para a Ucrânia, em caso de trégua com a Rússia.
Na quinta-feira, os líderes de 31 países dispostos a fornecer garantias de segurança à Ucrânia vão estar reunidos em Paris, incluindo UE, NATO, Reino Unido, Canadá, Noruega e Turquia.
Portugal estará representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.
O objetivo é finalizar o trabalho sobre o apoio “a curto prazo” ao exército ucraniano, sobre “um modelo de exército ucraniano sustentável para evitar futuras invasões russas” e sobre as “garantias de segurança que os exércitos europeus podem fornecer”, incluindo os destacamentos terrestres em solo ucraniano, afirmou, na semana passada, Macron.
A cimeira decorre na sequência das reuniões realizadas em Paris e Londres nas últimas semanas para dar “garantias de segurança” à Ucrânia, invadida pelas tropas russas em fevereiro de 2022, e depois de Washington ter anunciado um acordo com as delegações ucraniana e russa para uma trégua dos combates no mar Negro, no âmbito das negociações na Arábia Saudita sobre o conflito na Ucrânia.