Mais de 730 pessoas em situação de sem abrigo morreram no ano passado em França
O coletivo “Pessoas que morrem na Rua”, que junta mais de 50 associações, divulgou o relatório anual que aponta que 735 pessoas em situação de sem-abrigo morreram em 2023, um número sem precedentes
Na França, o coletivo “Pessoas que morrem na Rua” divulgou o relatório anual sobre as mortes de pessoas em situação de sem-abrigo. No ano passado, 735 pessoas morreram na rua, um aumento de mais de cem pessoas comparado ao ano anterior.
O coletivo “Pessoas que morrem na Rua”, que junta mais de 50 associações, divulgou o relatório anual que aponta que 735 pessoas em situação de sem-abrigo morreram em 2023, um número sem precedentes. O coletivo realiza censos desde 2012, denuncia o aumento destes números e reconhece que uma parte importante de mortes não está contabilizada no estudo.
Dados da Fundação Abbé Pierre apontam a existência de 330 mil pessoas em situação de sem-abrigo no país, enquanto a última avaliação oficial do Instituto Nacional de Estatística e Estudos Económicos (Insee), realizada em 2012, apontou para um total de 143 mil.
O coletivo critica a falta de políticas eficazes e sustentáveis para enfrentar a crise da habitação e apela à urgente necessidade de ações que garantam dignidade e segurança a essa população vulnerável.
Para a presidente do coletivo, Bérangère Grisoni, é urgente combater a precariedade: “Precisamos de combater a precariedade e a pobreza. É essencial fornecer os recursos necessários para combater esta luta. Em situações de emergência é preciso oferecer abrigos, como ginásios e centros de acolhimento, especialmente durante o inverno. É fundamental trabalharmos para encontrarmos soluções a médio e longo prazo, já que quanto mais difícil é a situação das pessoas, quanto maior a precariedade, maior a probabilidade de as pessoas acabarem a viver na rua”, descreve.
Bérangère Grisoni afirma ainda que a vida nas ruas reduz drasticamente a esperança de vida. “A esperança de vida das pessoas que vivem nas ruas oscila entre os 49 e os 50 anos, o que significa que há uma perda de até 30 anos em relação à população em geral. Isto representa uma profunda injustiça”, concluiu.
Segundo o relatório, 86% das vítimas são homens, embora a proporção de mulheres tenha aumentado em relação a anos anteriores.
As circunstâncias das mortes são também detalhadas: quase um terço (32%) acontece em espaços públicos, 30% em centros de saúde, o que revela as dificuldades de ter acesso a cuidados de saúde. Cerca de 22% das mortes resultam de causas externas, como acidentes de transporte e agressões.
Menos de 1% das mortes estão relacionadas ao consumo de álcool ou estupefaciente.