NIILISMO, POLÍTICA E ECONOMIA

NIILISMO, POLÍTICA E ECONOMIA

Prezado(a) Leitor(a). Iniciaremos este percurso argumentativo apresentando a definição de niilismo presente na língua portuguesa como forma de conferir precisão terminológica  adequada à compreensão dos argumentos que se encadeiam ao longo desta reflexão. Não se trata de preciosismo, ou pedantismo intelectual, mas do reconhecimento da extensão vocabular da língua portuguesa a partir da qual pensamos, falamos e, expressamos ideias e, formas de compreensão do mundo.

Ni.i.lis.mo (nì) s.m.(o) 1. (…) descrença total e absoluta. 2.Filosofia Doutrina segundo a qual nenhum dos valores existentes tem fundamento e nada pode ser conhecido ou transmitido. 3.Filosofia Rejeição de todas as distinções em valores morais ou religiosos e disposição em repudiar todas as teorias prévias de moralidade ou crença religiosa; rejeição total da autoridade, seja ela exercida pela família, pela Igreja ou pelo Estado. 4.Filosofia Crença em que não há nenhum significado ou propósito na existência. 5.Política Doutrina política segundo a qual todas as instituições sociais, políticas e econômicas precisam ser completamente destruídas, a fim de dar lugar a novas e aperfeiçoadas instituições. (Grande Dicionário Sacconi da Língua Portuguesa).

Na filosofia, Nietzsche foi um dos pensadores que mais intensamente refletiu o niilismo presente na civilização ocidental, reconhecendo sua intensificação na modernidade a partir da morte de deus e, anunciando sua condição permanente e incômoda na contemporaneidade. Para o filósofo dionisíaco, o niilismo se apresenta como percepção de ausência de sentido e finalidade nos mais diversos âmbitos da vida humana e da sociedade. 

Na perspectiva do filósofo, o niilismo assume duas variáveis correlacionadas. Num primeiro momento pode se apresentar como niilismo passivo. Expressão do cansaço diante da derrocada das grandes narrativas sejam elas: religiosas, políticas e, sociais que conferiam sentido e finalidade à vida e ao mundo que a acolhia.  O niilista passivo retira-se exausto, desanimado da praça pública.

Não há mais o que fazer. Ensimesma-se, privatiza-se, economiza as energias para alongar a sobrevivência em sua cotidianidade.  Noutra perspectiva, o niilismo pode se apresentar na forma ativa. Se deus está morto; se as ideologias ruíram; se a democracia representativa de massas apresenta-se na forma rasteira da opinião pública; se a política se apresenta desprovida de poder suficiente diante dos imperativos da economia, trata-se de reconhecer na ausência de sentido o próprio sentido da vida e, do mundo.

Dr. Sandro Luiz  Bazzanella / Professor de Filosofia

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