ONGs argentinas acionam Comissão de Direitos Humanos da OEA por atos de Milei contra imprensa

ONGs argentinas acionam Comissão de Direitos Humanos da OEA por atos de Milei contra imprensa

Uma coalizão de organizações de direitos humanos e jornalismo da Argentina apresentou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos uma notificação formal a respeito da situação da liberdade de expressão sob Javier Milei, instando o órgão da OEA (Organização dos Estados Americanos) a solicitar esclarecimentos do governo sobre projetos e atos relacionados aos meios de imprensa e a jornalistas. 

O pedido, protocolado junto à CIDH em 9 de fevereiro,  é liderado pela ONG de direitos humanos CELS (Centro de Estudos Jurídicos e Sociais). Entre os signatários estão a Federação Argentina de Trabalhadores na Imprensa (FATPREN) e a Rede de Mídia Digital. 

Eles solicitam que a Comissão cobre respostas específicas da Argentina a respeito da situação descrita na carta, e “alerte o Estado sobre a incompatibilidade das decisões adotadas e os projetos de reforma com os padrões do sistema interamericano de direitos humanos”.

Governo Milei: privatizações e repressão a profissionais de imprensa 

Segundo o documento, em apenas dois meses, o governo de Javier Milei decidiu suspender os limites à concentração da propriedade dos meios de comunicação ao nível nacional, intervir no sistema público de comunicação social e privatizá-lo.

O pedido refere-se ainda à intervenção na autoridade de aplicação das leis que regem o setor de mídia, excluindo as minorias parlamentares das decisões, e a atos repressivos contra profissionais de imprensa que tentam cobrir as manifestações contra o “desmantelamento do Estado”.

“A convicção de que o Estado não deve impor limites ao setor privado está levando o governo a desmantelar um sistema de comunicação social organizado em três pilares: o privado-comercial, o gerido pela sociedade civil sem fins lucrativos e o estatal/público.

Um sistema midiático que construímos de forma muito dispendiosa no nosso país após décadas em que apenas os proprietários dos meios de comunicação privados tinham condições para exercer a sua atividade”.

Os signatários apontam ainda que, além do que já foi feito, através do DNU 70/23 e dos decretos de intervenção, o governo e as forças políticas que o apoiam ameaçam constantemente fechar “políticas valiosas de promoção de direitos”, como o Fundo de Desenvolvimento Competitivo para os Meios de Comunicação Audiovisuais (FOMECA) e a Defensoria Pública dos Serviços de Comunicação Audiovisual .

“A este cenário soma-se a violência verbal e física contra os profissionais da imprensa, que não se limita às repetidas repressões dos últimos dias, mas também inclui um ataque persistente do presidente Javier Milei e dos seus funcionários aos jornalistas, entre várias outras práticas que dificultam o trabalho jornalístico”, diz o documento, apontando como ápice dos ataques o protesto de 1º de fevereiro contra uma lei debatida no Congresso Nacional. 

Pelo menos trinta e cinco jornalistas e fotógrafos ficaram feridos pela repressão policial enquanto tentavam cobrir a ação policial, segundo as organizações de imprensa. 

No dia seguinte, destaca o documento, a Ministra da Segurança, Patricia Bullrich culpou os mesmos trabalhadores da imprensa pelos ferimentos, acusando-os de não terem sido devidamente identificados, uma afirmação que as imagens refutam.

No dia 2 de fevereiro houve nova repressão e a prisão de jornalistas que tentavam cobrir os acontecimentos. 

As entidades signatárias são AMARC Argentina , Centro de Pesquisa ICEP-UNQ ,  CoNTA ,  FARCO , FATPREN , REDCOM , Rede de Mídia Digital e  Sipreba. 

Redação MediaTalks

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