Pelo menos 12 migrantes morrem no pior naufrágio de 2024 no Canal da Mancha
Os migrantes tentavam chegar a Inglaterra
Pelo menos doze migrantes morreram esta terça-feira no naufrágio de um barco, ao tentar atravessar o Canal da Mancha, em direção ao Reino Unido.
As autoridades marítimas do canal da mancha constataram que o barco, com mais de 60 pessoas a bordo, naufragou no largo de Cap Gris Nez, no final da manhã.
Segundo Gérald Darmanin, ministro do Interior demissionário, contabilizam-se 12 mortos, dois desaparecidos e vários feridos. “51 pessoas foram salvas, duas das quais ainda estão em estado crítico. Infelizmente, as autoridades declararam a morte de 12 pessoas: tanto quanto sei, cerca de dez mulheres, algumas das quais eram menores. É, obviamente, uma tragédia, sempre que uma pessoa perde a vida no nosso território… Tenho um pensamento extremamente comovido por estas pessoas, pelas suas famílias, que, sem dúvida, procuravam um mundo melhor no Reino Unido”, afirmou o ministro do Interior.
As correntes muito fortes do Canal da Mancha tornam a travessia perigosa para embarcações frágeis.
Desde o início do verão, foram registadas várias tragédias. Em julho, 6 migrantes morreram em naufrágios de embarcações sobrecarregadas; uma jovem de 21 anos morreu esmagada pelo peso de outros passageiros; em agosto, dois migrantes morreram na costa de Calais.
O cofundador da associação de ajuda a migrantes Utopia 56, Yann Manzi, considera urgente que a Europa invista numa política de acolhimento. “Todas estas políticas de não acolhimento destroem os direitos humanos, os direitos fundamentais, o direito internacional e até o direito marítimo. Tentar acreditar que tudo isto é provocado por passadores e traficantes, dizer que não há nada a fazer e não fazer nada além de aplicar medidas de repressão, conduz à morte de muitas pessoas”, apontou o militante.
Desde o início do ano, em janeiro, 25 pessoas perderam a vida ao tentar atravessar o Canal da Mancha, ultrapassando as 12 mortes contabilizadas em 2023.
Segundo as autoridades britânicas, atinge-se um número de travessias nunca visto, com a chegada de mais de 20 000 migrantes à costa inglesa desde o início do ano.