Putin ordena trégua de três dias em meio a novos alertas dos EUA
O presidente Vladimir Putin ordenou na segunda-feira uma trégua de três dias com a Ucrânia para coincidir com as comemorações da Segunda Guerra Mundial em Moscou no mês que vem o que seu rival ucraniano classificou como uma “tentativa de manipulação”.

Antes do anúncio de Putin, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, manteve novas conversas com seu homólogo russo, Sergei Lavrov, tendo declarado que esta será uma semana crucial para a decisão dos EUA sobre a interrupção ou não dos esforços de paz. O Kremlin afirmou que Putin ordenou um “cessar-fogo” para o 80º aniversário do Dia da Vitória, de 8 a 10 de maio. “Todas as operações de combate serão suspensas durante este período”, afirmou o Kremlin em um comunicado.
O Kremlin afirmou que a interrupção dos combates seria por razões humanitárias, além do aniversário, e que esperava que Kiev emitisse uma ordem semelhante. Putin também ordenou um cessar-fogo para a Páscoa, quando cada lado acusou o outro de violações em massa, embora isso tenha levado a uma redução temporária dos combates. A Ucrânia exigiu um cessar-fogo imediato com duração de pelo menos 30 dias, e Zelensky disse em seu discurso diário à nação: “Agora há uma nova tentativa de manipulação: por algum motivo, todos têm que esperar até 8 de maio.”
Rubio disse ao ministro das Relações Exteriores russo no domingo que os Estados Unidos estão comprometidos em trabalhar para pôr fim à “guerra sem sentido”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce. Ela disse que Rubio conversou com Lavrov sobre “os próximos passos nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia e a necessidade de pôr fim à guerra agora”. Trump já disse que os Estados Unidos poderiam abandonar seus esforços de paz e Rubio indicou novamente no domingo que a paciência dos EUA com o conflito está se esgotando.
Rússia e Ucrânia não mantêm conversas diretas sobre os combates desde o início da ofensiva de Moscou. A Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, tornou-se o foco dos esforços para aproximar os dois lados. Trump disse na segunda-feira que acreditava que Zelensky estava pronto para “ceder” a Crimeia, embora o líder ucraniano tenha descartado essa possibilidade diversas vezes.
“Pressão” de Macron
A Rússia disse na segunda-feira que estava pronta para negociar diretamente com a Ucrânia, mas que o reconhecimento de suas reivindicações sobre as regiões ucranianas, incluindo a Crimeia, era “imperativo” para a resolução do conflito. “A bola não está do nosso lado. Até agora, Kiev não demonstrou sua capacidade de negociação”, disse o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, ao jornal brasileiro O Globo.
A Ucrânia denunciou as anexações da Rússia como uma apropriação ilegal de terras e afirmou que jamais as reconhecerá. Autoridades europeias alertaram que aceitar as exigências de Moscou cria um precedente perigoso que pode levar a futuras agressões russas. Zelensky afirmou na semana passada que a Ucrânia “não reconheceria legalmente nenhum território temporariamente ocupado” e já havia considerado “incompreensível” a exigência de Moscou para que Kiev se desmilitarizasse.
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou na segunda-feira que os países ocidentais “aumentariam a pressão sobre a Rússia” nos próximos 10 dias e que as próximas duas semanas seriam “cruciais” para tentar iniciar um cessar-fogo. Macron disse à revista Paris Match que, em discussões recentes, havia instado Trump a ser “mais duro” com o presidente russo.