“Vida corre a meio gás, quase como no tempo da Covid.” Incêndios em Los Angeles continuam, mas “normalidade está a regressar”

“Vida corre a meio gás, quase como no tempo da Covid.” Incêndios em Los Angeles continuam, mas “normalidade está a regressar”

A região deixou de estar em alerta vermelho devido ao vento forte, numa altura em que as autoridades estão a conseguir controlar parte dos incêndios que afetam a cidade de Los Angeles. Artur Castro, um português a viver na cidade, revela que a normalidade está a regressar lentamente

Artur Castro vive perto de uma zona afetada pelos incêndios, mas nunca recebeu ordens para abandonar a casa. Ainda assim, em declarações à TSF, relata dias difíceis e de “muito pânico”. “Dada a dimensão, no início, da força dos ventos e a rapidez com que estes focos estavam a propagar-se, é um sentimento de pânico, há muito receio e incerteza, porque não sabemos quando é que vai acabar, e serão precisas semanas até os incêndios estarem extintos”, conta o português.

Por agora, a situação está mais calma. Artur Castro nota que os ventos estavam mais fracos, esta quinta-feira, e que “a vida começa a voltar ao normal, já sem cinzas no ar”.

Ainda assim, “os incêndios ainda não acabaram e a vida corre a meio gás, quase como no tempo da Covid-19”, acrescenta.

Artur Castro não foi afetado diretamente pelos incêndios, mas nos últimos dias tem ouvido os relatos de milhares de pessoas cujas vidas foram abaladas pela tragédia. O emigrante português já tinha feito voluntariado, mas decidiu retomar para poder ajudar a comunidade de Los Angeles. “Já ouvi imensas histórias muito difíceis e ouço todos os dias, porque continuamos todos os dias a fazer com as portas abertas”, conta.

Artur Castro admite ter ficado surpreendido com o espírito de entreajuda que se vive nestes dias. “Eu faço voluntariado num centro comunitário do meu bairro. E o que fazemos e o que muitas outras organizações fazem também é gerir um centro de donativos, onde pessoas e empresas podem doar comida, roupa, produtos, higiene pessoal e outras coisas. E recebemos também pessoas da comunidade afetadas pelos incêndios, que vêm a recolher esses bens. E posso dizer que recebemos centenas de pessoas por dia. Hoje até foi o primeiro dia em que começámos a ver menos gente”, sublinha.

Sobre os próximos dias, o emigrante português afirma que o sentimento é, ao mesmo tempo, de “esperança e cautela”. Artur Castro acredita que a cidade de Los Angeles não voltará a ser a mesma.

“Obviamente gostaria que isto não tivesse acontecido, mas eu não esperava que a comunidade local aqui se unisse desta forma, portanto, acho que até, feliz ou infelizmente, retiraremos muitas lições positivas e boas experiências, apesar de tudo”, remata.

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