“Você Pode Ser o Que Quiser”!: Claudinha modelo de Florianópolis conta um pouco sua história

Maria Claudia de Sousa, 43 anos, mulher determinada, guerreira.  Natural do Maranhão e moradora de Florianópolis, portadora de deficiência desde os dois anos, devido à poliomielite. Contudo, nada a impediu de ir à luta em busca de seus sonhos e ambições. Hoje trabalha como modelo em uma das maiores agências do mundo.

Carinhosamente chamada de Claudinha, nos permitiu esta entrevista para falar um pouco sua história, quebra de paradigmas, preconceitos, capacitismo e curiosidades que envolve este tema cadeirante.

Quem é Claudinha? Como foi sua infância, queremos saber um pouco sua história.

Tive uma infância feliz, naquela época eu ainda não entendia muito bem o que havia acontecido comigo, eu sempre fui uma criança ativa feliz cheia de amigos, até chegar a adolescência e começar a entender que não era bem assim o mundo. Não era um conto de fadas, eu comecei a entender que era diferente e fui me fechando no meu mundinho só meu. Um belo dia eu acordei para vida, sai de casa fui morar fora, eu digo que ali aprendi a voar e voei tão alto que até hoje eu me pergunto, quantas oportunidades eu perdi com medo da opinião dos outros? Hoje a Claudinha é uma mulher madura extremamente feliz e realizada, tenho muito orgulho de onde cheguei e de quem sou.

Trabalho como modelo, quando começou e qual foi a primeira agência?

Eu nunca tive o sonho de ser modelo, como todas as meninas têm. Esse foi mais um desafio, um teste para mim, mostrar que eu poderia ser o que eu quisesse ser, embora a minha adolescência toda ser procurada por agências; minha resposta sempre foi um não, eu não tenho interesse. Somente em 2018, assinei o primeiro contrato com umas das maiores agências do mundo a Mega Model Sul. E, foi incrível essa experiência de ser conhecida pelas pessoas que nunca havia visto, (elas sim), sabiam quem eu era por terem me visto em jornais/televisão; foi aí que entendi que esse era meu mundo, que eu queria ser conhecida. Hoje estou em outra agência, a Gás Model, uma das maiores agências do mundo, sou muito feliz em fazer parte dessa equipe que me acolheu com tanto amor.

Qual foi sua melhor campanha, a que mais gostou?

Eu fiz várias coisas que gostei, adorei as entrevistas ao vivo na televisão, os jobs de publicidade para lojas; o trabalho que mais amei fazer foi um editorial de noiva, no qual eu me vesti lindamente de noiva e ainda tive a participação do meu marido, foi mágico esse trabalho, talvez um dos mais belos trabalhos que fiz.

Sua avaliação para o mercado de modelo, ainda é bom trabalhar no Brasil?

Sim, tive inúmeras oportunidades para campanhas agora na pandemia. Fui solicitada para vários trabalhos como comercias de marcas famosas, dei uma segurada nessa pandemia para preservar minha saúde. O Brasil está repleto de oportunidades, com modelos incríveis, claro que tenho sonhos mais altos, algum dia ser reconhecida internacionalmente, quem sabe! – Risos – afinal eu sempre digo, as asas são minhas e o céu não é de ninguém, e é claro que quero voar muito mais alto.

Carreira, casamento e sexualidade?

Na carreira tenho um longo caminho a percorrer, quero aprender muito ainda. Como eu disse, esse mundo não é um conto de fadas, é difícil, você tem que estar focada, ser determinada e disciplinada. Falando no casamento, esse sim, eu vivo um conto de fadas, ganhei o maior prêmio da mega sena sozinha, “meu casamento”; com um homem incrível que me trata todos os dias como uma princesa, eu posso falar com toda certeza desse mundo – fiz a melhor escolha da minha vida. Sou casada há oito anos e vivo um conto de fadas diariamente. Posso afirmar com toda certeza, sou a mulher mais feliz deste planeta! Sexo todo dia pode? {risos} então, penso que estou tirando a curiosidade da maioria das pessoas que julgam que uma cadeirante não pode ser ativa, sou extremamente ativa na minha vida sexual  e garanto a vocês que meu marido está bastante satisfeito… risos.

Agora um bate rebate:

Eu sou? A mulher mais feliz e realizada do mundo.

Eu quero: Eu quero poder ajudar muitas pessoas, mesmo que, com uma palavra de carinho conseguir arrancar um sorriso. É disso que o mundo precisa,mais empatia ao próximo, mais amor .

O presente? Aproveitar cada segundo da minha vida como se fosse o último.

O futuro? Entregar nas mãos de Deus, ele é o dono da minha vida e a ele entrego com gratidão.

Aquilo que importa? Estar com pessoas verdadeiras, família, amigos, isso é tudo que importa.

Um ídolo? Deus sem dúvida alguma ele é o meu maior ídolo.

Por que? Porque Deus é o dono de tudo, nada nem ninguém vem antes de Deus na minha vida.

Último livro que você leu? Faça amor, não faça jogo.

Seu livro preferido? A Bíblia, esse eu leio todos os dias, sempre vai ser meu preferido.

Se sua vida fosse um filme? Se minha vida fosse um filme seria uma comédia, porque o que mais amo é fazer as pessoas rirem.

Uma mensagem.  Seja quem você é sem se importar com a opinião alheia, só você sabe o tamanho da sua força, viva como se fosse o último dia da sua vida. Seja honesto consigo mesmo e com o próximo, seja grato todos os dias pela vida que tens. E se puder, ore pelo teu próximo, esse é um gesto lindo do qual jamais se arrependerá de fazê-lo. 

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O preconceito pode vir de formas mais camufladas, por exemplo, apenas 1% dos deficientes físicos está no mercado de trabalho, e um dos grandes motivos para isso é o preconceito. … Além disso, a discriminação da pessoa com deficiência é crime no Brasil, e sujeito à pena de três anos de reclusão.

Não somos especiais, somos exatamente iguais a todos que não estão nesta cadeira de rodas, muitas vezes com mais capacidade para fazer coisas que ninguém jamais imaginaria que pudéssemos fazer.

Edição: Lierge Coradini