Emenda na Alesc impede que antiga rodoviária da capital seja vendida
O deputado Padre Pedro Baldissera (PT) apresentou nesta terça-feira (8) uma emenda ao projeto enviado à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) pelo Executivo estadual que transfere a propriedade do prédio da antiga rodoviária de Florianópolis do estado para o município, vinculando a transação ao instituto da inalienabilidade, que impede a venda, doação ou qualquer transferência da propriedade, visando manter este patrimônio sob o controle da municipalidade, para uso de projetos comunitários.

“Não faz o menor sentido essa possibilidade do estado passar ao município um patrimônio histórico importante para a memória da nossa capital e, logo em seguida, a prefeitura vender esse imóvel para iniciativa privada. Por isso a necessidade de tornar a antiga rodoviária inalienável, para que a história de Florianópolis não seja consumida como se fosse um produto qualquer precificado pelo mercado”, disse Padre Pedro.
A emenda ao projeto 429/2025, que será examinada no próximo dia 15 em reunião conjunta das Comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Finanças e Tributação (CFT) e Trabalho, Administração e Serviço Público (Ctasp) da Alesc, impede a venda, a doação ou qualquer transferência da propriedade do bem, visando manter este patrimônio sob o controle da municipalidade para uso de projetos comunitários. O prédio está localizado na esquina das avenidas Mauro Ramos e Hercílio Luz, área nobre no centro da capital.
Inaugurada em 10 de agosto de 1957 pelo prefeito Osmar Cunha, a antiga rodoviária custou na época 40 milhões de cruzeiros, investimento de um consórcio de empresários para exploração por 30 anos, podendo ser prorrogado por mais 30. Na época o consórcio nomeou Nelson Rosa Brasil como diretor da rodoviária. O prédio só deixou de ser rodoviária em 1981, com a inauguração do Terminal Rita Maria, construído no aterro da baía Norte.
Existem em Florianópolis movimentos que reivindicam a recuperação do prédio e sua destinação para um novo uso, que seja público e que preserve esse exemplo de arquitetura moderna da cidade, como o @passeiodabulha. Em 14 de junho esse movimento promoveu um ato com colagem de lambes e roda de conversa sobre as propostas elaboradas para o local. Foram apresentados três projetos arquitetônicos de revitalização do edifício da antiga rodoviária.
O Movimento Traços Urbanos – que reúne 200 pessoas, entre arquitetos e urbanistas, em sua maioria, e também artistas, jornalistas, fotógrafos e diversos outros profissionais e agentes culturais – também defende a “não demolição” e “recuperação e ressignificação para uso público da edificação, de grande valor histórico, cultural e identitário para a região, memória viva da cidade”.
Foto: Bruno Collaço / Agência AL
Padre Pedro: “A história de Florianópolis não pode ser consumida como se fosse um produto qualquer precificado pelo mercado”