ENTREVISTA

ENTREVISTA

Dr. Reitan Ribeiro, catarinense que entrou para o seleto, raríssimo grupo de médicos no mundo inteiro que criaram algo do ZERO com menos de 40 anos de idade. 

 

“Mulheres com câncer na região uterina podem garantir a fertilidade através de procedimento cirúrgico.

É uma cirurgia para preservar a fertilidade em pacientes que terão que fazer radioterapia na pelve”.

 

 

Um grupo de médicos do Hospital Erasto Gaertner, de Curitiba, desenvolveu uma técnica de cirurgia que pode aumentar a fertilidade de mulheres vítimas de câncer na região uterina. Em condições normais, sem o procedimento, as mulheres ficavam estéreis, depois de passarem pelo tratamento de radioterapia. Agora, elas podem planejar uma gravidez, após vencerem a doença.

A equipe é chefiada pelo médico Reitan Ribeiro. O procedimento consiste em trocar o lugar do útero, enquanto as pacientes são submetidas à radioterapia. O órgão, junto com os ovários, é transferido para o abdômen. Nesse período, a menstruação é feita pelo umbigo.

Depois de finalizado o tratamento contra o câncer, as pacientes são submetidas a um novo procedimento, que recoloca o útero e o ovário no lugar, possibilitando a gravidez.

QUEM É – Reitan Ribeiro é formado pela Universidade Federal de Porto Alegre, fez residência de cirurgia Geral no Hospital Governador Celso Ramos em Florianópolis, e cirurgia oncológica no Hospital Erasto Gaertner de Curitiba. É o presidente da Regional Paraná da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica.

FOLHA DO LITORAL – Como avalia os problemas provocados pelo câncer do útero colo do útero?

REITAN RIBEIRO – O câncer de colo do útero é um muito comum, mas não precisava ser assim. Como ele é causando pela infecção pelo vírus do HPV em 95% dos casos, bastaria que as mulheres realizassem a vacinação para que tivéssemos uma grande diminuição dos casos. É um tumor que causa um grande sofrimento às mulheres, já que nos casos avançados o tratamento deixa uma série de sequelas que acabam comprometendo a vida sexual das pacientes e em casos mais avançados pode levar a paciente à morte.

FL–Quais as sequelas da quimio e radioterapia?

RB – Atualmente, as pacientes que tem tumores mais avançados são tratadas com quimioterapia junto com a radioterapia. Esse tratamento causa uma série de alterações como diminuição da capacidade da bexiga, sintomas parecidos uma infecção de bexiga, desconforto evacuatório, e principalmente, dificuldade em manter relações sexuais e infertilidade. A radioterapia melhorou muito nos últimos anos, e essas sequelas estão diminuindo. Algumas pacientes tem vida bem próxima do normal.

FL – Como é a técnica?

RB – É uma cirurgia para preservar a fertilidade em pacientes que terão que fazer radioterapia na pelve. Mas ela não serve para pacientes com tumores no útero, colo do útero, ovários ou trompas. Ela é utilizada principalmente em pacientes com câncer no reto. Nesta cirurgia o útero com os ovários e trompas são retirados da pelve e colocador na parte de cima do abdome. E permanecem longe da pelve até o final da radioterapia. Logo em seguida o útero é colocado de volta no lugar. Depois de voltar ao lugar a paciente tem uma vida sexual normal e pode tentar ter filhos normalmente.

FL – Como é o procedimento?

RB – A cirurgia é realizada por laparoscopia, são quatro pequenos cortes de 5mm no abdome, por onde entram os instrumentos. O útero é separado da vagina e alguns de seus vasos sanguineos são ligados. Assim o útero pode ser mobilizado para a parte de cima do abdome, onde é fixado com pontos. Depois da radioterapia, soltamos o útero de onde foi fixado e ele é costurado de volta na vagina. A cirurgia é realizada em um protocolo de pesquisa do Hospital.

FL –Existe a proposta de levar essa cirurgia para outras cidades?

RB – Assim que a cirurgia provar ser segura, a técnica pode começar a ser utilizada por outros cirurgiões e se espalhar. Mas ainda leva um tempo. Por enquanto, estamos realizando apenas no Hospital Erasto Gaertner.

FL–E as pacientes interessadas como podem proceder?

RB – As pacientes interessadas podem entrar em contado por email: [email protected]. Nós avaliamos os casos e se a paciente preencher os requisitos para a cirurgia, ela pode ser operada de graça, com os custos pagos pelo departamento de pesquisa do hospital.

 

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