França diz que UE não vai permitir anexação da Gronelândia pelos EUA

Donald Trump, que toma posse como chefe de Estado norte-americano no dia 20 de janeiro, já reiterou as ambições sobre anexar o Canal do Panamá e a Gronelândia, “pela força se necessário”

“A Gronelândia pertence às pessoas da Gronelândia”, afirmou na terça-feira a primeira-ministra dinamarquesa Unsplash

O chefe da diplomacia francesa, Jean-Noel Barrot, disse esta quarta-feira que a União Europeia não vai permitir que países “ataquem fronteiras soberanas” do bloco europeu, referindo-se à nova ameaça de Donald Trump sobre a anexação da Gronelândia.  
  
A Gronelândia, região autónoma da Dinamarca, é “um território da União Europeia”, disse esta quarta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Paris à rádio France Inter.  

A Gronelândia pertence às pessoas da Gronelândia“, afirmou na terça-feira a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, depois de Donald Trump, cujo filho está de visita à ilha ártica, ter sugerido a anexação do território pelos Estados Unidos.
   
“Como afirmou o chefe do governo regional, Mute Egede, a Gronelândia não está à venda“, disse Mette Frederiksen ao canal de televisão dinamarquês TV2. A chefe de executivo da Dinamarca referiu igualmente que os Estados Unidos são o aliado mais próximo do seu país.

A questão não é nova, mas, na terça-feira, Donald Trump, que toma posse como chefe de Estado norte-americano no dia 20 de janeiro, reiterou as ambições sobre anexar o Canal do Panamá e a Gronelândia, “pela força se necessário”.  
  
Numa conferência de imprensa na residência particular de Mar-a-Lago, na Florida, o próximo Presidente dos Estados Unidos voltou a falar das ambições expansionistas, um tema que já tinha defendido no anterior mandato como chefe de Estado (2017-2021). Os jornalistas da France-Presse que estiveram na conferência de imprensa referiram que “como de costume, foi difícil distinguir entre anúncios reais e exageros nas declarações sensacionalistas” de Trump

Questionado sobre se poderia garantir que não utilizaria as Forças Armadas para anexar o Canal do Panamá, um ponto vital para a navegação internacional, e a Gronelândia, um território autónomo da Dinamarca, Donald Trump respondeu que não pode apresentar qualquer garantia.  
  
O Presidente eleito já declarou em várias ocasiões que pretende anexar o Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, se o preço das taxas para os navios norte-americanos não for reduzido.  

Na mesma conferência de imprensa, Trump voltou a criticar o acordo assinado em 1977 pelo então Presidente Jimmy Carter (1924-2024), que levou à transferência do controlo do canal para o Panamá em 1999.  
  
Paralelamente, o filho do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump Júnior iniciou na terça-feira uma visita privada à Gronelândia.

“A Gronelândia é um lugar incrível, assim como os habitantes locais, se e quando fizerem parte da nossa nação, vão beneficiar enormemente (…) MAKE GREENLAND GREAT AGAIN!“, escreveu Donald Trump nas redes sociais.
    
O território autónomo dinamarquês, que procura obter soberania, mas continua financeiramente dependente de Copenhague é cobiçado pelos recursos naturais – embora a prospeção de petróleo e a extração de urânio sejam proibidas. A região é também importante do ponto de vista geoestratégico, sendo que os Estados Unidos têm uma base militar na Gronelândia.  
  
Ulrik Pram Gad, especialista em questões relacionadas com a Gronelândia no Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais, disse esta quarta-feira à France-Presse que é preocupante a forma como o futuro chefe de Estado Donald Trump fala sobre as relações entre os países.  
  
Esta não é a primeira vez que o bilionário norte-americano mostra interesse na Gronelândia. Em 2019, durante o primeiro mandato como Presidente dos Estados Unidos, considerou comprar a Gronelândia, mas a proposta foi recusada.

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