Paraty e Ilha Grande são declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco

Paraty e Ilha Grande são declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco

A cidade colonial de Paraty e a paradisíaca Ilha Grande, localizadas no sul do estado do Rio de Janeiro, foram declaradas nesta sexta-feira (5) Patrimônio da Humanidade pela Unesco, por sua mistura única de riquezas históricas e naturais.

A decisão foi tomada na 43ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que é realizada até a quarta-feira, dia 10, em Baku, capital do Azerbaijão.

Trata-se do primeiro lugar lugar misto (patrimônio cultural e natural) do Brasil, que conta agora com 22 localidades na lista de sítios reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Das 1.092 propriedades inscritas na Lista do Patrimônio Mundial, apenas 38 são mistas.

A área reconhecida abrange 149 mil hectares e inclui o centro histórico de colônias de Paraty (fundado em 1667 e declarado patrimônio histórico no Brasil em 1958) e quatro reservas naturais ao redor, incluindo a Serra de Bocaina – cujo pico máximo atinge 2.088 metros de altitude – e a ilha paradisíaca de praias da Ilha Grande, uma grande atração turística da chamada “Costa Verde” carioca.

O governo brasileiro concentrou sua candidatura na coexistência de culturas locais – indígenas, quilombolas (descendentes de negros escravizados) e comunidades costeiras de pescadores e artesãos – com rica biodiversidade.

Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), 85% da Mata Atlântica – um bioma que se estende por toda a costa brasileira – é preservada nessa área.

A candidatura listou 36 espécies de plantas consideradas raras, sendo 29 endêmicas, ou seja, exclusivas daquela região.

Espécies ameaçadas, como a onça-pintada, a anta, ou o macaco muriqui, principal primata da América do Sul, vivem nesta região, que também concentra 45% das aves e 34% dos sapos que vivem nas florestas atlânticas do Brasil.

O ambiente da área reconhecida pela Unesco também inclui uma imensa baía com 187 ilhas revestidas de vegetação nativa e uma rica diversidade marinha, que, apesar de não fazer parte do principal núcleo de proteção, terá regras para restringir a atividade humana e evitar o impacto no meio ambiente.

Entre os tesouros históricos de Paraty e da Ilha Grande, está um trecho da Estrada do Ouro, construída por escravos entre os séculos XVII e XIX, por onde transportavam os metais preciosos extraídos no interior de Minas Gerais até o porto de Paraty, destinados a Portugal.

Antigas fazendas, fortificações, adegas de cachaça e sítios arqueológicos fazem parte do circuito histórico.

A cidade, de cerca de 37.000 habitantes, recebe anualmente a Feira Literária Internacional (Flip) e outros eventos culturais.

Segundo as autoridades locais, o reconhecimento servirá para melhorias estruturais na cidade, como o sistema de saneamento, que ainda é precário.

É a segunda vez que o Brasil indica Paraty como candidato ao Patrimônio Histórico da Humanidade.

A vez anterior, sem sucesso, foi em 2009.


Foto: A cidade colonial brasileira de Paraty, localizada no litoral sul do Rio de Janeiro.
AFP / VANDERLEI ALMEIDA

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