Putin felicita vitória de Trump e está disponível para o diálogo: “Estou pronto”
O líder do Kremlin deixou ainda palavras elogiosas para o republicano, mostrando-se impressionado com “o seu comportamento no momento do atentado contra a sua vida”, ocorrido num evento da campanha em julho, no estado da Pensilvânia
O Presidente russo, Vladimir Putin, felicitou esta quinta-feira Donald Trump pela sua vitória nas eleições presidenciais realizadas na terça-feira nos Estados Unidos e disse estar pronto para retomar o contacto com o político republicano.
“Aproveito esta oportunidade para o felicitar pela sua eleição para o cargo de Presidente dos Estados Unidos”, disse Putin ao discursar no Valdai Debate Club que decorre na estância balnear russa de Sochi.
O Presidente russo manifestou, por outro lado, disponibilidade para retomar o diálogo com Washington, interrompido no seguimento da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
“Se alguém quiser voltar a entrar em contacto, não me importo. Estou pronto”, declarou, no rescaldo da vitória eleitoral de Donald Trump contra a sua adversária democrata e atual vice-presidente norte-americana, Kamala Harris.
Trump disse que conseguiria terminar a guerra na Ucrânia em 24 horas sem nunca explicar como o faria e tem questionado a ajuda financeira e militar a Kiev dos Estados Unidos, além de lançar a incerteza sobre o seu compromisso com os aliados ocidentais da NATO.
Sobre as políticas que Trump irá assumir após tomar posse como Presidente a 20 de janeiro de 2025, Putin disse que “não faz ideia”, embora se tenha mostrado otimista com base nas declarações do republicano durante a campanha eleitoral.
“Para ele será o seu último mandato. O que ele vai fazer é problema seu. Mas o que ele disse publicamente até agora (…), o que foi dito sobre o seu desejo de restabelecer relações com a Rússia, contribuir para acabar com a crise ucraniana merece, no mínimo, atenção”, comentou, reforçando que trabalhará com “qualquer chefe de Estado que receba a confiança do povo norte-americano”.
O líder do Kremlin deixou ainda palavras elogiosas para Donald Trump, mostrando-se impressionado com “o seu comportamento no momento do atentado contra a sua vida”, ocorrido num evento da campanha republicana em julho em Butler, no estado da Pensilvânia.
Para Putin, “não se trata apenas da mão levantada [logo após os disparos que lhe deixaram ferimentos ligeiros numa orelha] e do apelo à luta pelos seus ideais, não se trata apenas disso, embora a força de uma pessoa se manifeste em condições extraordinárias”, mas Trump, considerou, “mostrou-se muito correto, com coragem, como um homem”.
Anteriormente, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, tinha descrito como um “pouco exagerada” a promessa de Donald Trump do fim da guerra na Ucrânia em 24 horas.
Ao mesmo tempo, Peskov indicou que Moscovo “não esquece” as palavras do futuro Presidente norte-americano de que “planeia propor algo para a solução da crise ucraniana” antes da sua tomada de posse.
“Se a nova administração [norte-americana] conseguir a paz e a não continuação do conflito, será melhor do que a sua antecessora”, acrescentou.
Trump e Putin encontraram-se pela última vez numa cimeira dos dois países em Helsínquia em meados de 2018, que ficou marcada pela polémica.
Na altura, o então Presidente norte-americano expressou confiança na palavra do seu homólogo russo negando interferências de Moscovo no processo eleitoral que tinha conduzido Trump à vitória em 2016, o que contrariava as conclusões dos serviços de informações de Washington.
Após ter sido derrotado quatro anos mais tarde pelo democrata Joe Biden, o político republicano foi eleito na terça-feira como 47.º Presidente dos Estados Unidos, tendo já conquistado acima dos 270 votos do Colégio Eleitoral necessários.
Com a contagem ainda a decorrer, Trump segue também à frente da adversária democrata no voto popular a nível nacional, com 50,9% contra 47,6% dos votos contados.
O Partido Republicano recuperou ainda o Senado (câmara alta da Congresso) ao ultrapassar a fasquia de 51 eleitos, enquanto na Câmara dos Representantes (câmara baixa) se encontra igualmente na frente no apuramento com 207 mandatos, a apenas 11 da maioria.