Retrospectiva 2023: diagnóstico das contas públicas e plano de ajuste fiscal marcam o ano da Secretaria da Fazenda de SC
No início do governo, a Secretaria de Estado da Fazenda produziu um diagnóstico completo do desempenho das contas públicas nos últimos 10 anos. O trabalho demonstrou a realidade financeira do caixa estadual e auxiliou a tomada de decisões do governo no primeiro ano de gestão. A análise revelou que SC precisaria de R$ 2,8 bilhões em recursos extras para honrar os compromissos assumidos em anos anteriores até o fim de 2023. Os números também serviram para a definição de diretrizes do Plano de Ajuste Fiscal de Santa Catarina (Pafisc), lançado em março.
PAFISC – alterações legislativas
Ações do Pafisc que dependiam de mudanças na legislação para serem colocadas em prática foram aprovadas sem nenhuma alteração pela Alesc. A lei foi sancionada pelo governador Jorginho Mello em outubro.
Recupera Mais
Considerado o maior programa de recuperação fiscal da história de Santa Catarina, o Recupera Mais foi anunciado em setembro pelo Governo do Estado e aprovado neste mês de dezembro pela Assembleia Legislativa. O objetivo é oferecer ao contribuinte alternativas inéditas e flexíveis para o pagamento de ICMS em atraso. A projeção do Governo de SC é recuperar R$ 1,5 bilhão em impostos já inscritos em dívida ativa nos últimos dez anos. O programa entra em vigor em 2024.
Recupera Santa Catarina (medidas tributárias)
A Fazenda contribuiu com três grandes frentes de ação no pacote de medidas sociais e econômicas para ajudar famílias e empreendedores catarinenses que sofreram prejuízos decorrentes das chuvas de outubro e novembro:
- Postergação do ICMS – para empresas inscritas no Regime Normal de Tributação e no Simples Nacional
- Liberação dos portos – suspensão por 30 dias da obrigatoriedade de utilização dos portos e aeroportos de SC para fins de fruição do benefício fiscal da importação
- Suspensão de obrigações acessórias (DIME, EFD, Sintegra e CND)
Pacote Tributário
Com o objetivo de reduzir a burocracia no ambiente fiscal, fortalecer a competitividade do setor produtivo e estimular os negócios, a Fazenda definiu uma série de medidas que envolvem a revogação, a prorrogação e a concessão de novos benefícios fiscais em Santa Catarina. Ações importantes do pacote, que dependiam de alterações legislativas, foram aprovadas pela Alesc em dezembro, como a desoneração de alimentos da cesta básica e a redução da alíquota de ICMS do querosene de aviação.
Aplicativo Nota Fiscal Fácil
Lançado em março, o aplicativo Nota Fiscal Fácil garante que a emissão de documentos fiscais seja realizada pelo celular com o mesmo resultado da versão em papel. O dispositivo pode ser usado por produtores primários e transportadores autônomos para a emissão de documentos fiscais por smartphones, mesmo sem acesso à internet, e sem necessidade de impressora.
Transferências Especiais Voluntárias (TEVs)
A partir de um trabalho de convergência entre os poderes, foi elaborado projeto de lei e instituída a legislação que converteu em Transferências Especiais Voluntárias – TEVs toda e qualquer transferência especial autorizada até a data de sua publicação.
O novo modelo trouxe mais segurança jurídica e transparência aos investimentos já realizados, além de criar uma forma mais célere de realizar novas transferências. Os primeiros repasses para as administrações municipais ocorreram em agosto.
Até a primeira quinzena de dezembro, o Governo do Estado repassou pouco mais de R$ 447 milhões por meio de 589 processos de Transferência Especial Voluntária (TEV).
Desestatização
Entre outras ações voltadas à atração de investimentos, ao longo de 2023 a Fazenda colaborou com a abertura do processo de concessão patrocinada do Aeroporto de Jaguaruna, a primeira parceria público-privada (PPP) da história de SC. Também foi lançada a licitação de concessão do Parque Estadual da Serra Furada para a exploração de atrativos turísticos e formalizada a inclusão da ZPE de Imbituba na carteira do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado (PPI-SC).
Arrecadação
Santa Catarina arrecadou R$ 41,8 bilhões nos primeiros 11 meses de 2023. Considerando a inflação, houve aumento real de 3,8% no período. O resultado está de acordo com as projeções da Secretaria de Estado da Fazenda, mas demonstra que ainda é preciso seguir em alerta com as finanças públicas estaduais, conforme evidencia o comparativo abaixo:
Janeiro a novembro de 2021: 13,5% de crescimento real em relação a 2020
Janeiro a novembro de 2022: 7,3% de crescimento real em relação a 2021
Janeiro a novembro de 2023: 3,8% de crescimento real em relação a 2022
ARRECADAÇÃO MÊS A MÊS EM 2023 (crescimento real, já descontada a inflação, na comparação com o mesmo mês de 2022)
Janeiro – 4,4%
Fevereiro – 4,4%
Março + 0,6%
Abril + 1,2%
Maio + 2,7%
Junho + 5%
Julho + 6,7%
Agosto + 8,1%
Setembro + 9,2%
Outubro + 11,2%
Novembro + 8,8%